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Um breve diálogo com o prefeito revela o futuro incerto da Oficina de Música de Curitiba
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O prefeito de Curitiba, Rafael Greca, usa e abusa das redes sociais. No último fim de semana resolvi entrar numa conversa no Facebook com o prefeito sobre a Oficina de Música de Curitiba. Numa foto com sorriso de orelha a orelha cumprimentava o Maestro Roberto de Regina por seus 90 anos de idade e, aproveitando a chance perguntei: “E a Oficina de Música? Definitivamente extinta?”. Uma hora depois a seguinte resposta do prefeito: “ Estamos estudando sua realização depois do Carnaval – com patrocínio privado + verbas orçamentárias. Isto se a situação da cidade de Curitiba melhorar com aprovação do Plano de Recuperação de Curitiba”. Esta resposta, por si só demonstra que o prefeito não compreende que um curso de férias não tem sentido ocorrendo num período de aulas.

Este “depois do carnaval” significa o fim de décadas de um esquema que se mostrou bem-sucedido, pois não atraiu apenas milhares de alunos brasileiros, mas de muitos países da América Latina. Prontamente respondi: “Depois do carnaval não adianta nada. A Oficina só tem sentido nas férias escolares em janeiro. Depois do Carnaval será um fracasso, sem contar que muitos professores de nível internacional nem virão depois do cancelamento ocorrido em cima da hora. Aliás, que papelão, que péssimo início de gestão”. A resposta do prefeito me deixou atônito: “Então não teremos. A cidade deve aproveitar o evento sem o seu exclusimisvo (sic) e narcisismo. Tampouco Roma faz música e ópera em ferragosto” (sic). O que fica claro é que se não for da maneira que ele quer o evento não acontecerá de novo.

Ao citar “ferragosto” ele, com seu habitual desfile de “sapiência”, se referiu ao calor excessivo que faz em agosto na capital italiana, querendo justificar que a Oficina de Música não pode acontecer em janeiro pelo calor que faz na cidade naquele mês. Lembraria o Sr. Prefeito que foram nos meses de janeiro que aconteceram aqui em Curitiba os 9 Festivais internacionais de música do Paraná nas décadas de 1960 e 1970, que tornaram a cidade conhecida culturalmente em todo o mundo, e que os mesmos deram origem a mais de 30 Oficinas de Música, sempre em janeiro, que foram canceladas no início desta gestão com a desculpa de que faltavam esparadrapos nas UPAS. O triste é constatar que não houve Oficina e as UPAS continuam sem esparadrapo. Fica estranho acusar a Oficina de Música de “narcisismo” quando um evento cultural, que chegou a ter apoio garantido até do governo Estadual, foi extinto, isso sim, por um “narcisismo” sem freios.

Assim como a votação do ajuste fiscal (Plano de Recuperação de Curitiba) aconteceu estranhamente no palco da Ópera de arame com um enredo cujo final já era conhecido antes e durante a pancadaria que ocorreu hoje, o futuro da Oficina de Música, através deste diálogo quase que “surreal”, parece mesmo ter seu destino final já definido.

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