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(Foto: ASID)
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(Foto: ASID)

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Em 2013, com um convite de meu irmão, encontrei a oportunidade de enfrentar o medo da mudança e, a algumas centenas de quilômetros de Curitiba, cidade onde resido, participaria de uma atividade voluntária com a organização social TETO, construindo moradias emergenciais para famílias em situação de pobreza.

Ao chegar na capital paulista, percebi que a mobilização, que até então se limitava a pouco mais de 15 pessoas que viajavam de Curitiba, era muito maior, da ordem de 150 pessoas. Neste momento, algumas questões vieram à cabeça: o que motivava aquelas pessoas era a mesma motivação que me levou até lá? Aliás, o que realmente me motivou a encarar esta…aventura?

Ao chegarmos na comunidade, zona norte de São Paulo, nos organizamos em uma escola onde passaríamos o final de semana. Divididos em grupos, começamos algumas discussões sobre a situação de pobreza no país e nosso papel como transformadores. Mas que transformação eu seria capaz de realizar? Não possuía argumentos suficientes para defender minha posição em relação à situação de pobreza no Brasil, possuía apenas discursos tímidos que se baseavam em observações rasas, noticiários e conceitos pré-estabelecidos, preconceitos.

No primeiro dia de construção, ainda sem saber o que encontraria, acompanhei aquela onda de pessoas, que carregavam alimentos e ferramentas, em direção à comunidade onde iríamos realizar a construção. Para um construtor de primeira viagem como eu, havia a necessidade de vencer a barreira do autoconhecimento. Seria eu capaz de manusear as ferramentas, cavar os buracos, levantar os painéis? A resposta veio em pouco tempo: sim, seria capaz, assim como as várias famílias daquela comunidade eram capazes de sobreviver todos os dias com as várias incertezas e barreiras a que estavam sujeitas. No instante em que números se tornam rostos e nomes, em que forças e habilidades apenas surgem de uma fonte desconhecida e em que nossa mente é tomada por reflexões, estamos movidos por empatia.

A definição mais básica de empatia nos diz que é a “habilidade de imaginar-se no lugar de outra pessoa” (Dicionário Michaelis Online, 2017). Mais do que apenas simpatizarmos por uma situação e apenas saber de sua existência, busca-se entender, refletir, agir.

(Foto: TETO)

(Foto: TETO)

Da experiência compartilhada anteriormente e das experiências compartilhadas por outras pessoas com as quais pude trabalhar, é possível identificar semelhanças que contribuem para formar o perfil das pessoas movidas pela empatia:

– Os motivos que levam pessoas até as causas, situações ou outras pessoas são diversos;

– Mas é necessário passar pelo estágio do conhecimento, estar aberto a descobrir o novo;

– Ao colocarem-se sob a perspectiva do outro tornam-se, assim, disponíveis;

– Com a disponibilidade vem o autoconhecimento: como contribuir, de alguma forma, com as competências e habilidades que temos. Ainda, quais os desafios e barreiras que precisam ser quebrados?;

– Compartilhamento e troca: empatia é troca, troca de sentimentos, troca de conhecimentos. Empatia é conjunto, é relação;

– Empatia é facilitação. Ao lado do outro, buscando os caminhos que poderão ser percorridos. Juntos;

– A empatia conduz indivíduos a saírem de suas zonas de conforto para encontrarem ou criarem uma zona de conforto comum ao grupo e não apenas ao indivíduo.

É com esse sentimento que milhares de pessoas transformam a sociedade. Como um outro grupo que tive a oportunidade de conhecer em 2016. Neste ano, ingressei no time da ASID Brasil (Ação Social para Igualdade das Diferenças), que trabalha pela causa das pessoas com deficiência, atuando na diversidade, com projetos de inclusão e na qualidade de atendimento e oferta de vagas com uma metodologia de desenvolvimento de gestão. Assim, é possível impactar na qualidade de vida de milhares de pessoas com deficiência.

Trabalhando em projetos de voluntariado, temos a oportunidade de aprender e mudar. Quando rodeado por uma equipe diversa, porém, focada no mesmo objetivo, tem-se a segurança para enfrentar os desafios sem pensar duas vezes. Desde organizar ações de infraestrutura até ações de consultoria, onde devemos ser consultores em assuntos que normalmente não tínhamos contato até então.

Com esse espírito, foi possível chegar à marca de 800 voluntários em 2016. Em 6 anos, foram mais de 2000 voluntários engajados e mais de 3000 pessoas com deficiência e suas famílias impactadas. Da mesma forma, estes números se tornam nomes e esta é a motivação para continuar.

Seja pela causa da pessoa com deficiência, seja pela luta contra a desigualdade social ou por todas as demais causas e situações em podemos trabalhar e com as pessoas com as quais podemos nos relacionar, faça de maneira aberta, honesta, conjunta, empática. Impacto.

*Artigo escrito por Leonardo Mesquita da Silva, graduando em Engenharia de Computação pela UTFPR. Assistente na área de Voluntariado desde 2016 na ASID Brasil (Ação Social para Igualdade das Diferenças), participou no planejamento e execução de ações de voluntariado corporativo engajando centenas de voluntários. É voluntário da TETO desde 2013 e, há um ano, atua na equipe de Formação e Voluntariado da Sede TETO Brasil Paraná. A ASID colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Giro Sustentável.

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