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Criação de abelhas nativas une geração de renda e conservação no litoral do Paraná
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Meliponicultura

No litoral do Estado do Paraná, dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaraqueçaba, moradores da comunidade do entorno do Morro da Mina, em Antonina, desenvolvem um projeto que mostra ser possível aliar conservação da biodiversidade local com geração de renda. Isso porque eles estão comercializando mel e extrato de própolis produzidos através da criação racional de abelhas nativas sem ferrão.

O projeto, apoiado pela ONG paranaense SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental), começou em 2005 e, dois anos depois, resultou na organização da Acriapa (Associação de Criadores de Abelhas Nativas da APA Guaraqueçaba), hoje com 25 associados e produção crescente.

No último verão (2011/2012) foram colhidos 70 kg de mel, aumento de 100% em relação ao verão de 2006/2007.No segundo período foram colhidos em torno de 40 kg e o produtor com atingiu R$330,00/ano. Já no período de 2008/2009, foram colhidos aproximadamente 130 kg. O associado que mais produziu atingiu uma renda anual de R$1.200,00.

O valor obtido representa um incremento à renda média de R$ 500 (oriunda de outras atividades) das famílias. Em outros anos a Acriapa já chegou a colher 130 kg de mel, um valor superior ao esperado até mesmo pelos produtores.

Segundo o coordenador do projeto de meliponiculturas abelhas nativas da SPVS Marcelo Bosco, a ideia da criação nasceu em 2006, após a identificação do potencial econômico da atividade e do retorno para a comunidade local. “Um levantamento demonstrou que esta área mantém a maior população de abelhas nativas do Paraná, dentro do maior remanescente de Mata Atlântica do Estado”, explica. Por meio de oficinas de Educação Ambiental, todos os associados foram capacitados ao manejo produtivo das colônias de abelhas sem ferrão e receberam caixas adequadas para sua criação.

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O método

Apesar de já praticada por povos indígenas, a produção de mel e extrato de própolis de abelhas nativas era uma atividade pouco explorada na região. O especialista Marcelo Bosco explica a importância dessas abelhas para o ecossistema local.

“Por serem menores, as abelhas nativas polinizam flores que as abelhas africanizadas, que são espécies exóticas, não conseguem. Além disso, esta iniciativa evita que ocorra a derrubada de árvores para a retirada dos enxames, pois as abelhas são criadas em caixas racionais, contribuindo, assim, para a manutenção das florestas”, explica.

Outra prática sustentável é a captura dos enxames em garrafas do tipo pet – que não agride as abelhas – e são transferidos para caixas racionais produzidas por marceneiros da região com madeira legalizada. Ou seja, como essas abelhas nativas vivem em colônias em ocos de diversas espécies de árvores, o uso dessas iscas pet mantém a floresta em pé.

A Acriapa possui a primeira Unidade de Beneficiamento de Mel de abelhas nativas (UBM) do sul do Brasil. Além disso, a associação, com apoio da SPVS, está concluindo o registro dos seus produtos junto ao Serviço de Inspeção do Paraná/Produtos de Origem Animal (SIP/POA), para poder comercializá-los sua produção em estabelecimentos comerciais de todo o Estado.

Financiamento

Com o objetivo de ampliar sua produção, a Acriapa acaba de inscrever-se no site de crowdfunding (espécie de financiamento coletivo virtual) Impulso. O objetivo é arrecadar R$ 8.100,00 até o dia 28 de agosto. O montante será utilizado para a compra de 100 novas caixas para criação de abelhas. Com isto, espera-se um incremento de 70 a 80 Kg na produção. Para ajudar o projeto, basta acessar o link http://www.impulso.org.br/pt/projects/5-associacao-dos-criadores-de-abelhas-nativas-de-guaraquecaba-pr#about

*Artigo escrito pela equipe da ONG Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS).

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