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(Imagem: mihow/sxc.hu)
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Quanto custa pagar a prazo no Brasil? Erra quem acredita na fábula dos juros zero ou no dez vezes sem juros! Sim, aceite: não existe dinheiro grátis (nem almoço) e se alguém lhe oferecer tal promessa, tenha certeza de que ele estará cobrando os juros (ou o almoço) de outra forma, às vezes não tão clara ou tão a nossa vista.

Corra de ofertas desse tipo: preço à vista ou a prazo iguais ou dez vezes sem juros. Vamos pensar juntos:

1)    O comerciante não fabrica dinheiro;

2)    Quando ele precisa de dinheiro, recorre ao banco;

3)    O banco cobra juros do comerciante pelo empréstimo do dinheiro;

4)    O comerciante não costuma rasgar dinheiro;

5)    Portanto, o comerciante vai repassar este custo (do empréstimo pedido ao banco) ao cliente que decidir pagar a prazo;

6)    O cliente do comerciante é você!

7)    Entendeu?

Somos bombardeados com dezenas de propagandas milagrosas, afirmando que o preço que pagamos ao comerciante é o mesmo que ele paga ao fabricante (no caso de automóveis e demais). Você realmente acredita que o comerciante não está tendo lucro e que está repassando o produto (considerando que ele fica estocado na loja, com os custos de seguros, salários, aluguel) sem obter vantagem? Em caso positivo, se você acreditar nisso, volte ao item 1 e recomece d-e-v-a-g-a-r.

No caso brasileiro, com a SELIC na casa dos 11% ao ano, é praticamente impossível ao comerciante, de tamanho médio, vender a prazo (ou seja, financiando seus consumidores) e cobrar de seus clientes uma taxa inferior a aproximadamente 0,9% ao mês (mesmo quando ele afirma que o preço a prazo e a vista são iguais ou custam apenas 0,5% ao mês).

Quando você decide comprar a prazo estará pagando adicionalmente o equivalente a 0,9% ao mês, embora o comerciante afirme que os juros são zero ou que não está cobrando nada de você. Isto, cobrar juros inferior a 0,9% ao mês, só é válido se ele obteve empréstimo inferior ao custo da SELIC o que, convenhamos, é bem difícil no Brasil, para empresas de pequeno ou médio porte.

Aqui chegamos a um impasse, o que é melhor então: pagar à vista ou a prazo? A resposta, invariavelmente, é a mesma: depende! Depende se você consegue aplicar o seu dinheiro ganhando mais que o comerciante está lhe cobrando (e aqui vai uma dica: normalmente não conseguimos aplicar nosso rico dinheirinho a uma taxa superior a 0,9% ao mês).

Portanto, a resposta é quase sempre a mesma: se tiver dinheiro para pagar à vista, peça um bom desconto e liquide a fatura. Mas, se não tiver os recursos necessários para pagar à vista, saiba que estará admitindo (ainda que sem saber) pagar uma taxa de no mínimo 0,9% ao mês (mesmo que o comerciante seja bonzinho, não pode fazer nada, a não ser repassar seus custos a você e, se assim não o fizer, estará indo rumo à falência. Simples assim!).

Outro erro muito comum é pagar a prazo, mesmo tendo algum dinheiro aplicado na poupança. Veja qual o erro  cometido: a poupança paga o equivalente a 0,5% ao mês, então se você deixar o dinheiro na poupança e resolver pagar um produto a prazo estará trocando um ganho de 0,5% (a remuneração mensal da poupança) por um custo 0,9% (o que você paga mensalmente ao comerciante). Mau negócio, não é mesmo? Portanto, se tiver algum dinheiro aplicado (na poupança ou em outro investimento) vale a pena sacar este investimento e quitar a compra, deixando o mínimo para o pagamento de prestações.

Resumo: não existe milagre, se você decidir comprar a prazo estará pagando juros; por outro lado, se decidir pagar à vista, exija um desconto. Sabemos que existem lojas que afirmam que o preço à vista e a prazo são iguais. Mesmo assim, exija um desconto para pagamento à vista e se não conseguir, procure outra loja (pois este tipo de loja costuma ganhar dinheiro justamente nas vendas financiadas). Não é justo que você antecipe o pagamento e não obtenha desconto, você estaria enriquecendo o lojista, que ganhará  duplamente: ele adiciona os juros ao preço à vista, pois sabe que o consumidor dele costuma pagar a prazo. Portanto, se você comprar à vista, ele estará ganhando os juros, que já foram embutidos no preço, e ainda estará recebendo antes um duplo ganho, certo?

Ficou confuso? Procure ajuda profissional e tenha a certeza que não existe almoço grátis ou preço a prazo igual ao preço à vista. Quem disser o contrário, não conhece finanças ou está com más intenções! Qualquer uma das opções acima não é recomendável, ou seja: fuja de uma pessoa dessas.

*Artigo escrito por Carlos Alberto Ercolin, do ISAE/FGV. O ISAE/FGV é uma instituição parceira do Instituto GRPCOM.

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