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Se eu pudesse, não seria um problema social
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Problema Social é tudo aquilo que está em desacordo com seu funcionamento e a sociedade deveria solucionar. Vários são os problemas sociais: falta de saneamento básico, desemprego, fome, precariedade da saúde, desigualdade social, educação defasada, criminalidade e insegurança, exploração excessiva dos recursos naturais e não preservação do meio ambiente. O problema social que vou analisar é a criminalidade causada por menores infratores. Segundo o Anuário de Segurança Pública, o Brasil tem, em média, 20 mil registros de  adolescentes em conflito com a lei. Apesar desse número representar apenas 4% do total de atos infracionais do país, é alarmante o rumo que a juventude está seguindo.

Para entender melhor esse problema, é importante saber que a formação de caráter do indivíduo, ocorre na primeira infância, não somente por hábitos em seu convívio familiar e social, mas também por ações pontuais e esporádicas que podem gerar traumas e, consequentemente, ações específicas na vida adulta. Pensemos, então, em uma criança nascida na periferia com cerca de cinco anos de idade cujo pai é envolvido com o tráfico e, mesmo assim, tido como herói. Até que um dia a criança vê esse “herói” ser assassinado na sua frente! O trauma dessa criança é imensurável! Somado ao contexto local e social, pode-se imaginar o adolescente que ele se tornará, possivelmente não terá outra escolha a não ser seguir o caminho do pai, se tornar mais um ponto percentual em estatística. Se pudesse, ele não seria um problema social.

Soluções para essa e outras crianças são criadas por iniciativas de empreendedorismo social. Muitos empreendedores são incentivados e impulsionados por uma perda, sofrimento pessoal e/ou por viver na pele a falta dos direitos básicos, por isso,  ajudam na construção de soluções para sanar ou, ao menos, amenizar tantas dificuldades.

Como fazer isso? Como proporcionar outras perspectivas para que esses “problemas sociais” possam realizar escolhas melhores e transformar seus mundos? Promovendo a socialização. Disseminar autonomia é o “x” da questão, afinal e no final, a escolha sempre será individual. Porém, essa autonomia se dá na quantidade de conhecimento que o indivíduo tem sobre si mesmo, sobre os outros e sobre a sociedade que o cerca. Mas por si só, o conhecimento pode não causar efeito autônomo, o sujeito necessita tomar consciência por meio da reflexão sobre suas atitudes e escolhas desenvolvendo assim senso crítico. Deve ter contato com a diversidade cultural e outras realidades, vislumbrar coisas boas, se sentir parte do todo e participar das decisões sociais desde criança.

A melhor forma de socialização entre as crianças ocorre em locais abertos, onde há diversão, lazer, onde se sentem livres e autônomas para criarem regras coletivamente e sem distinção etária. Democraticamente e com muita criatividade se organizam, se ajudam, se divertem e também aprendem! Por meio do Centro Cultural Cecília Correa de Carvalho – 5C – tenho percebido a dinâmica das crianças. A divisão é pelo gosto e afinidade com as atividades: o parquinho, o pula cordas, a quadra esportiva e também as escadarias, a pintura, a dança, a música e brincadeiras. Elas respeitam seus lugares, as maiores permitem às pequenas passarem à frente, e, inclusive, as ajudam subir na escada de acesso ao escorregador. As regras não são impostas, ocorrem naturalmente e, melhor, respeitosamente. A socialização é algo inerente ao nosso ser desde pequeninos, mas inconscientemente é podada pela sociedade. Sufoca-se a criatividade e autonomia das crianças e a ideia de democracia participativa, organização e respeito.

Cabe ao empreendedor social o papel de difundir conhecimento, contribuir com questionamentos constantes visando desenvolver senso crítico, e, principalmente, articular a cooperação mútua da família, poder público, privado e comunidade, buscando intensificar a convivência harmoniosa e promovendo, assim, a socialização efetiva.

Assim, espera-se que o empreendedor entenda que a maioria dos problemas sociais não são a causa, mas, sim, consequências da falta de atitude, falta de oportunidade, falta de responsabilidade da família, dos poderes público-privados, da sociedade. Que o empreendedor promova e contribua com soluções para os problemas, sabendo que terá apoio e suporte de organizações da sociedade civil, assim como os institutos LEGADO e GRPCOM, que estão interessados em impulsionar seu desejo de transformação, que buscam um futuro mais digno e igualitário.

 

 

*Artigo escrito por João Costa Junior,Pedagogo formado pela FAE Centro Universitário, Instrutor de Jovens Aprendizes, Fundador do 5C – Centro Cultural Cecília Correa de Carvalho, cuja missão é Transformar Mundos. O 5C faz parte do Instituto Legado de Empreendedorismo Socialparceiro do Instituto GRPCOM no blog Giro Sustentável.

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