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Albari Rosa / Gazeta do Povo

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Sem floreios filosóficos ou teológicos, resumo virtude como uma questão de bom-senso adotada pelo homem em relação às suas atitudes, com o objetivo de alcançar uma vida mais saudável. Por exemplo: não ser medroso ao ponto de não encarar qualquer novo desafio, mas também não ser temerário, imprudente, em relação a uma situação concreta de perigo; ou seja, adotar uma postura racional capaz de analisar a situação na qual está inserido e buscar uma resolução inteligente que lhe cause menos problemas.

Para ainda falar de virtude, podemos pensar em educação aliada às novas tecnologias. Um dilema para grande parte das escolas: até que ponto, qual o limite, para adotar ferramentas tecnológicas no aprendizado? Substituir o quadro-negro por lousas interativas? Cadernos por tablets? Livros em papel por formatos digitais? Atividades em sala por tarefas online? Afinal, quais seriam as medidas virtuosas para que educadores e alunos saiam ganhando com a revolução tecnológica? Não substituir por completo uma coisa pela outra, mas conseguir aliar as vantagens de cada ferramenta de acordo com os objetivos estabelecidos a partir das estratégias em sala de aula.

Independente de quais ferramentas utilizar em sala de aula é essencial compreender que a revolução tecnológica vem transformando o modo de pensar, de lidar com a informação e, acima de tudo, a comunicação entre as pessoas. Ter consciência da distinção de compreensão do espaço e da informação entre uma geração que precisou migrar e aprender a utilizar uma série de novas ferramentas comunicacionais, enquanto outra nasceu imersa neste mundo de conteúdo rápido e fragmentado

Henry Jenkins, professor e pesquisador do MIT (Massachusetts Institute of Technology), defende que as crianças atuais vivem numa realidade em que precisarão, cada vez mais, principalmente na vida adulta, buscar o conhecimento e resolver problemas a partir da busca de informação no outro. Ou seja, procurar ajuda na tessitura do conhecimento por meio da troca de informação com o próximo, potencializando assim os saberes de cada um, formando então a chamada inteligência coletiva ou colaborativa. Porém, Jenkins afirma que a maioria das escolas ainda caminha na contramão, pois não está ensinando o que significa viver imerso numa comunidade de conhecimento compartilhado, mas apenas gerando aprendizes unilaterais. Prova disso é observado pelo fato de grande parte das escolas ainda considerar como “cola” a busca de informação com outras pessoas.
Por fim, Jenkins apresenta quatro capacidades que as escolas precisam despertar nos alunos na busca pela tessitura do saber, na atual sociedade da informação. Para cada uma delas, o autor também cita um exemplo de como foram utilizadas pela indústria do entretenimento:

1ª Unir o conhecimento de um aluno ao de outros, numa empreitada coletiva (como os fãs da série Lost, que precisavam desvendar problemas e enigmas);

2ª Compartilhar e comparar sistemas de valores por meio de avaliação de dramas éticos (como ocorre na fofoca em torno dos reality shows);

3ª Formar conexões entre pedaços espalhados de informação (como ocorre em enigmas apresentados por filmes, como a trilogia de Matrix);

4ª Expressar interpretações e sentimentos em relação a ficções populares por meio de sua própria cultura tradicional (como ocorre no cinema, com fãs de Harry Potter).

Portanto, a questão do uso das novas ferramentas tecnológicas na escola não é respondida com “aderir” ou “não aderir”, mas conseguir visualizar as mudanças sociais que a revolução tecnológica tem provocado e estar preparado de maneira crítica e reflexiva para o modo como adotar e fazer uso das inúmeras possibilidades. Dá trabalho. Muito trabalho. Porém, um cuidado necessário para que as instituições de ensino não se tornem futuros depósitos de sucata digital, reflexo de uma época em que, erroneamente, acreditaram que a revolução na educação estava nas inúmeras traquitanas tecnológicas.

>> Artigo escrito por Vinícius Soares Pinto, responsável pela Educação Digital e a Comunicação do Colégio Medianeira, escola associada Sinepe/PR (Sindicato das Escolas Particulares do Paraná), instituição parceira do Instituto GRPCOM.

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