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Eric Hobsbawm: o historiador que sabia pedalar
| Foto:
ROLAND SCHLAGER/EFE
Hobsbawn morreu aos 95 anos, após um longo período doente

O historiador Eric Hobsbawm, que morreu nesta segunda-feira (1º) em Londres, aos 95 anos, era um entusiasta da bicicleta. Uma das mentes mais influentes de seu tempo, Hobsbawm, durante a juventude, fez uma viagem de bicicleta com seu primo Ronnie explorarando o sul da Inglaterra e o norte do País de Gales.

Em um trecho do livro Tempos interessantes: uma vida no século XX, o historiador classifica a bicicleta como um dos instrumentos mais importantes da história, compararável à prensa de Gutenberg.

Segundo ele, o veículo de duas rodas é o único sem desvantagens óbvias e que oferece a plena realização das possibilidades de ser humano.

O intelectual, que usou os princípios do marxismo para explicar o mundo atual, publicou seu último livro em 2011, sob o título “Como mudar o mundo”. Entre suas obras mais destacadas, que influenciaram gerações de historiadores, estão “Era dos Extremos: o Breve Século XX: 1914 – 1991” e “Globalização, Democracia e Terrorismo”.

Leia o trecho em que o historiador relata sua visão sobre a bicicleta:

Até mesmo a forma de transporte que nos libertou era barata, pois nós, ou nossos pais, seguimos o conselho dos anúncios na traseira dos ônibus londrinos de dois andares: ‘Desça desse ônibus. Ele jamais será seu. Compre uma bicicleta por dois pence por dia’.

Com efeito, com poucas prestações semanais podia-se comprar a bicicleta – no meu caso uma brilhante Rudge-Whitworth, que custava mais ou menos cinco ou seis libras. Se a mobilidade física é condição essencial da liberdade, a bicicleta talvez tenha sido o instrumento singular mais importante, desde Gutenberg, para atingir o que Marx chamou de plena realização das possibilidades de ser humano, e o único sem desvantagens óbvias.

Reprodução/http://oldbike.wordpress.com
Bicicleta modelo Rudge-Whitworth, semelhante a usada por Hobsbawm para pedalar pela Inglaterra. Na época modelo custava o equivalente a R$ 20.

Como os ciclistas se deslocam à velocidade das reações humanas e não estão isolados da luz, do ar, dos sons e aromas naturais por trás de pára-brisas de vidro, na década de 30, antes da explosão do tráfego motorizado, não havia melhor maneira de explorar um país de dimensões médias com paisagens tão surpreendentemente variadas e belas.

Com a bicicleta, uma tenda, um fogareiro a gás e a novidade da barra de chocolate Mars, explorei com meu primo Ronnie (que a pronunciava “Marr”, como se fosse em francês) grande parte das belezas civilizadas do sul da Inglaterra, e, numa memorável excursão de inverno, também as mais selvagens do norte do País de Gales.

(HOBSBAWM, E. “Tempos interessantes: uma vida no século XX”. ISBN 85-359-0300- 3. S.Paulo: Companhia das Letras, 2002. pp. 107-108)

Ps: o trecho acima foi garimpado e compartilhado pelo blog Pedalante.

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