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Eurico Miranda e a selvageria em São Januário. Renato Costa/Folhapress e RUDY TRINDADE/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO.
Eurico Miranda e a selvageria em São Januário. Renato Costa/Folhapress e RUDY TRINDADE/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO.| Foto:

Um torcedor morreu durante os confrontos que marcaram o clássico entre Flamengo e Vasco, em São Januário, no sábado (8). Ainda durante o jogo, vitória dos visitantes por 1 a 0, os cruzmaltinos  brigaram com a polícia. E, após o apito final, a violência explodiu.

Cenário de guerra. Bombas explodindo no campo e na arquibancada. Todo tipo de objeto sendo arremessando ao gramado. Policiais atirando balas de borracha indiscriminadamente. Gás de pimenta e lacrimogêneo. Torcedores e jogadores fugindo em desespero.

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Não bastasse, um vascaíno foi baleado do lado de fora, próximo do portão 9 da casa vascaina, e morreu no hospital. Davi Rocha é o nome dele. Mas pouco importa, é só mais uma vítima e, provavelmente, não será a última. Autoridades e clubes seguirão sem saber conter a violência.

O alvo da vez é o estádio de São Januário. Com mais de 90 anos e uma fachada neocolonial belíssima, é uma praça esportiva clássica, histórica, à moda antiga, nada a ver com as arenas atuais sem identidade alguma. Já tive lá  duas vezes e fiquei impressionado.

Há problemas, evidentemente. Os acessos são difíceis e a estrutura é antiquada. Há ainda a questão de ser vizinho de uma região perigosa, marcada pela violência (como tantas no Rio de Janeiro). Entretanto, há outro ponto tão significativo quanto.

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Eurico Miranda. O presidente do Vasco faz de São Januário o seu reino. E age sem qualquer limite, nem mesmo do poder público ou das forças de segurança. Controla acessos, impõe regras, circula livremente, manda e desmanda. Lá do alto do super camarote no gol das piscinas.

Histórico de Eurico em São Januário

Todo mundo lembra da superlotação em 2000, certo? Na final da da Copa João Havelange, o alambrado cedeu pelo público excessivo e Eurico fez pouco caso. De dentro do gramado, suando e bufando, “comandou” o “socorro” aos feridos e, se dependesse do cartola, o jogo teria ocorrido.

Em 2004, pouco tempo depois, a tragédia passou perto do estádio novamente. Para salvar o Vasco do rebaixamento, contra o Atlético no Brasileiro, Euricão abriu os portões e deixou milhares de pessoas do lado de fora forçando a entrada. Eu estava lá trabalhando, ninguém me contou.

Mais recentemente, uma torcida organizada do Vasco, Guerreiros do Almirante, movimento de oposição ao comando do clube, decidiu não ir ao jogo do time contra o Avaí. O motivo? Ameaças de seguranças de Eurico Miranda.

São muitos episódios que comprovam como as coisas funcionam (mal) em São Januário. Vale tudo para Eurico Miranda, a torcida do Vasco e o time. Os visitantes, ao contrário, encaram o inferno na Terra. E ninguém tem coragem de se meter.

Assim sendo, para reverter essa lógica, o fundamental é “tomar o poder” de Eurico Miranda em São Januário. A casa continuará sendo do Vasco, claro, mas com as regras da CBF, da segurança pública. E, para tanto, nada melhor que começar com uma punição severa do STJD.

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