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Ensino médio convencional ou técnico? Avalie  as conseqüências
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A segunda-feira amanheceu gelada, não é mesmo? Eu costumo reproduzir aquele mapa do tempo que sai na Gazeta diariamente para ajudar meus alunos na leitura dos gráficos, além de divulgar a previsão do tempo para este Paraná, mas com frio ou com temperaturas mais amenas é conveniente ficarmos de de olho no tempo, especialmente no calendário escolar, meu querido leitor.

É tempo de ajustar o relógio que orienta a opção dos estudos não apenas com relação ao vestibular, mas também com as escolhas que marcam a passagem dos nossos jovens do ensino fundamental ao ensino médio. Muitos estudantes não sabem exatamente o que fazer no limiar dessa etapa decisiva da vida. Cursar o ensino médio não representa necessariamente preparar o terreno dos estudos ao vestibular; significa sim uma época de preparação para a vida e por que não optar, por exemplo, por um curso técnico?

Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
O estágio foi importante para Nicolas conseguir seu emprego na Bosch.

Se eu fosse uma estudante do ensino fundamental não hesitaria em cursar um ensino técnico, pois ao término desses estudos já sairia com uma profissão – e estaria prontinha da silva para o mercado de trabalho e se desejasse seguir uma área profissional, de nível superior , teria opções, além da experiência obtida nos estágios e absorção pelo mercado de trabalho específico. Eu fiz de certa forma essa opção, felizmente. Quando era ainda uma jovem escolhi o magistério e depois , através do vestibular, ingressei na licenciatura em Letras, mas não sem antes obter um diploma de nível médio, que me habilitou a dar aulas para as crianças até a 4ª série. O antigo curso de Magistério ou Pedagógico abriu as portas do mercado de trabalho para mim.

Muitos jovens terminam o ensino médio convencional, não são aprovados no vestibular – e fazem o quê? Triste a realidade, principalmente para quem não reúne condições de escolha, em razão de um ensino fundamental fraco, impotente diante dos desafios da concorrência nos vestibulares públicos.

Ontem um dos editoriais da Folha de S. Paulo alertava que os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), segundo o IBGE, mostram o crescimento da escolarização no Brasil. As metas de quantificação do ensino fundamental, médio e superior são promissoras, no entanto a qualificação dos estudos demanda atenção de todos. Experimente buscar dados sobre a escolarização no site do IBGE; eles mostram que convivemos com a evasão e a reprovação, a formação docente a reclamar revisões, além, é claro, das condições de trabalho e acompanhamento escolar sem que nos preocupemos com soluções qualitativas.

O mercado exige que os jovens concluintes do ensino médio – na faixa etária dos 15 e 17 anos – cheguem não apenas com a documentação cidadã em ordem, mas também com um mínimo de capacitação para ler e escrever e atender os reclamos das indústrias, dos escritórios, das esferas gerais do mundo do trabalho.

A proporção de alunos do ensino médio matriculados na educação profissional é inferior a 10%, o que mostra que a educação técnica, muitas vezes confundida com o ensino superior, ainda é desconhecida dos jovens brasileiros. Caberia indiscutivelmente maior divulgação do ensino técnico entre os docentes e, sobretudo entre as famílias brasileiras, que diante da ignorância sobre o assunto, encaminham os jovens para o ensino médio convencional.

Apontar – lhes unicamente o vestibular como meta final de estudos do ensino médio é, sem dúvida, levá-los a uma luta desigual, muitas vezes sem perspectivas. Vestibulares concorridos pressupõem leitores e produtores de textos com autonomia , que saberão levantar hipóteses, que terão dedicação aos estudos acadêmicos – e eu que recebo alunos de todos os segmentos escolares e sociais sei que essas habilidades têm deixado muito a desejar, sobretudo pelos que são egressos da escola pública.

Arquivo / Curso de Redação / 2007
Habilidades requisitadas em qualquer situação: ler e escrever com autonomia em português!

Não saber interpretar um texto e nem conseguir expressar o pensamento através das palavras do próprio idioma é uma calamidade, entretanto, muitos que gerenciam o orçamento público fazem questão de não enxergar essa vulnerabilidade no sistema educacional desta pátria, que privilegia números em detrimento da qualidade.

Domar o analfabetismo, aumentar a qualidade da escola e oferecer possibilidades de condições justas de vida às crianças e aos jovens brasileiros é obrigação dos governos – em todas as instâncias – , mas cabe aos pais , aos meus colegas professores e à imprensa a mediação dessas informações. Indicar dados, apontar possibilidades e esclarecer a criança e o jovem é prepará-los ao enfrentamento das dificuldades da vida moderna. A partir da minha convivência com os estudantes percebo cada vez mais a necessidade de divulgar as possibilidades de ensino técnico; disseminar informações e incentivá-lo é uma obrigação de todos que acompanham as contradições educacionais da vida nacional.

Nem todos que concluem o ensino médio chegam à universidade pública ou às faculdades particulares; alguns entram, passam pelo funil da concorrência; outros atravessam dois, três anos de cursinho na busca de reforço às habilidades requisitadas. Aos que optam pelo ensino técnico, após o término do ensino fundamental, as possibilidades do mercado são promissoras, sempre, no entanto, o fantasma do vestibular parece contar com um lugar cativo desde as primeiras séries do ensino fundamental, porque nossas crianças, ainda bem longe desse exame, são envolvidas desde cedo por ele. Se você duvidar experimente examinar o material apostilado que elas carregam dentro da mochila.

Sugestões de escrita, inclusive para o leitor mais experiente

1- Assinale uma das alternativas e escreva uma justificativa para a escolha realizada. Mantenha a objetividade na exposição dos seus motivos e não perca de vista a articulação ajustada dos recursos textuais; limite-se a 6 linhas.

Você concluiu ou concluirá o ensino médio: ( ) convencional ( ) técnico

2- Você conhece uma instituição pública que oriente o ensino médio voltado às necessidades técnicas do mercado de trabalho ? Faça-lhe um perfil e indique, inclusive, dados de localização , referências curriculares e depoimentos profissionais; limite-se a 8 linhas.

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