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Os “cidadãos de bem” devem ter o direito de fugir das leis em sigilo?
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A seguinte imagem, no Facebook, me deixou bastante preocupado.

Você pode ver o compartilhamento original aqui.

Quer dizer, então, que o fato de o Estado tomar providências para que as faixas exclusivas de ônibus – que servem a mais pessoas simultaneamente do que um carro – e para que a velocidade máxima não seja ultrapassada – limite imposto para reduzir o número de acidentes -, se sobrepõe ao direito individualista do cidadão de bem de desobedecer as leis de trânsito?

Fiquei admirado com o número de compartilhamentos, muitos desses favoráveis ao aviso e críticos às providências do município de São Paulo.

Não sei se de fato são radares ou tão somente câmeras, ou mesmo se tal é verdade, mas a mensagem quanto ao comportamento, dada pelo texto junto da imagem, é clara. E esse é o ponto deste artigo.

Sou a favor de transgressões, não à toa o nome desta coluna é O Transgressor.

Mas há uma diferença entre aquelas transgressões cotidianas que cometemos em nome de um bem comum, normalmente transgressões difíceis, e aquelas transgressões que cometemos em nome do bem individual, normalmente transgressões por comodidade pessoal e vantagens individuais: furar o sinal vermelho, dar um jeitinho naquela papelada, pagar um por fora, não devolver aquele livro emprestado.

Normalmente, transgressões deste tipo trazem o bem de um sem medir as consequências negativas quanto ao bem de todos.

Não poucas vezes, virão disfarçadas de desinteressadas e altruístas, como é o caso da imagem, que faz as vezes de ser preventiva.

Se a regra social é quebrar as leis por vantagens narcisistas, eu prefiro transgredir essa regra social.

É lamentável, no entanto, que o estado precise lançar mão de medidas de vigilância para que as coisas sejam cumpridas. Crianças até cinco anos, apenas, deveriam ser vigiadas a fim de não fazerem besteira.

Se uma lei representa uma atitude correta, o correto deveria ser cumprido não porque se vai receber uma multa no caso disso não ser cumprido ou porque se vai se receber uma recompensa caso se cumpra. Fazemos o correto porque é o correto.

O exemplo mais claro disso é o cinto de segurança: não se usa o cinto porque você será multado; você usa o cinto porque se você não usar, será atirado pelo parabrisa em caso de acidente.

Já foi necessária uma lei para proibir que os clientes cuspissem no chão dos estabelecimentos comerciais. Certamente havia fiscalização para isso no começo e muita gente deve ter reclamado, talvez os mesmos que hoje reclamariam das ciclovias, velocidades mais baixas e não invasão de faixas exclusivas. O perfil é muito semelhante, se você me permite uma maldade no meu mau julgamento de caráter.

Hoje, qualquer um que cuspa no chão é tido como maluco, uma pessoa indigna de participar dos mais modestos acontecimentos sociais. O mesmo está se dando com os cigarros em restaurantes e demais ambientes fechados. Logo nem será preciso um aviso de que isso é proibido.

No entanto, acho que demora para que o mesmo se dê com as leis de trânsito mais básicas.

Enquanto isso, o cidadão de bem não poderá cometer as suas pequenas infrações em sigilo.

Por enquanto, se quiser evitar multas, terá que cumprir as regras como todos os outros o fazem independentemente de serem vigiados ou não.

Ou usar este método infalível para burlar os radares.

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