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(crédito: Visual Hunt)
(crédito: Visual Hunt)| Foto:

A relação das pessoas com suas coisas, a publicidade ostensiva a que somos submetidos e a rotina ansiosa das grandes cidades são alguns dos temas abordados em Minimalism: A Documentary About the Important Things (2015). O documentário propõe, através da história de pessoas que aderiram uma forma minimalista de viver e de reflexões de profissionais de áreas como economia, sociologia e até arquitetura, um novo olhar sobre consumo, expectativas e estilo de vida.

Joshua Fields Millburn, um dos minimalistas, conta sobre as mudanças em sua rotina e mente após o descarte de “todas essas coisas que havia trazido à minha vida sem questionar“; e, em outro trecho do documentário, comenta que o problema não está no ato de consumir, mas no consumismo compulsório e no hábito de “comprar coisas porque é isso que você deveria fazer“. É assim no mundo da moda rápida.

“Querem que você se sinta fora de moda semana após semana, para que assim compre algo na semana seguinte”, avalia a consultora de moda sustentável Shannon Whitehead, que também aborda as expectativas criadas por nós e pelos outros com relação ao que “devemos ser”, o que, de certa forma, alimenta a falsa necessidade de precisar vestir algo novo todo dia, de não repetir roupa ou não poder usar um item “fora de moda”. A exigência é geral, e quando trabalhamos dentro desse universo é maior ainda.

Como profissional da área, já senti, direta e indiretamente, a pressão para estar “sempre na moda”. Os argumentos vão de “o dress code dessa empresa de moda exige” a “estar com peças da moda é fundamental para o seu marketing pessoal”. Será?

(crédito: Visual Hunt)

Independente da minha extensa lista de questionamentos sobre “o tal” marketing pessoal, entendo que muitas dessas exigências são impostas a nós por alguns mas nem sempre relevantes ou percebidas por tantos e por quem de fato importa. Quando falo sobre “quem importa”, inclui nós mesmos. Afinal, quem mais importa quando o assunto é a minha roupa sou eu (meu bem estar, minha mensagem).  E aí entra um interessante depoimento da Courtney Carver, fundadora do Project 33.

Em seu Projeto 33, Courtney Carver desafiou-se a usar apenas 33 itens por três meses, incluindo acessórios e calçados. A ideia de usar menos do que tinha disponível em seu armário faz parte do processo de desapego que iniciou em 2010 e que não lhe pareceu fácil quando chegou no closet: “Para mim foi uma grande forma de realmente ver do que precisava, o que eu estava usando e se iria fazer alguma diferença”.

Ela conta que trabalhava com propaganda, e muitos clientes com os quais mantinha contato diário. Nos “escritórios criativos”, não apenas de moda, é comum ouvir que precisamos mostrar nosso talento através de visuais modernos e sempre novos. Courtney Carver, com seus 33 itens, conta que “durante esses três meses ninguém notou” a diferença.

Se você pensar no conceito de moda, ele incorpora a ideia de que você pode jogar as coisas fora não quando elas não servem mais, mas quando não têm mais aquele valor social ou não estão mais na moda“. Compartilho esse depoimento da economista e socióloga Juliet Schor e a experiência de Courtney Carver para trazer à tona o questionamento sobre a “necessidade” de estar na moda (trabalhando ou não com ela) e para comunicar formalmente que não estarei sempre na moda. Ainda que isso decepcione alguém ou me faça perder o job.

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