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Novidadeira? Nem sempre…
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Analisada sob qualquer ponto de vista, a moda traduz-se como o novo, seja este uma troca de roupa, comportamento ou de cor na parede da sala. Por isso, a moda é dinâmica e tem a capacidade que se espera de um segmento que tem a obrigação de surpreender, ousar e mexer com formas de ser e de existir. Sem estas metas, aliás, ela deixa de desempenhar o seu papel como uma das mais importantes engrenagens da máquina que movimenta a economia de um país. Produzir para vender – e só se consegue tal objetivo quando se captura o interesse do consumidor ou se atende às suas expectativas.

A moda, contudo, faz parte também de um sistema muito bem organizado justamente para que todas as atividades que integram a sua estrutura funcionem de forma ordenada. Caso contrário, o cada um por si – que poderia resultar em uma dose maciça de criatividade a cada lançamento de temporada – resultaria em altíssimos investimentos aos empresários que se dispusessem a seguir pelo caminho do produto exclusivo. Aliás, o ideal de qualquer estilista bem intencionado, mas que no balanço final seria computado como “muitas contas a pagar”.

Isso, porém, não significa que a moda, como a conhecemos hoje, não possa ter diferenciais que identificam coleções e seus criadores. Mas é importante também, quando se avaliam roupas e acessórios mostrados numa passarela, se considere que eles nem sempre são “novidadeiros”. Existe por trás o tal do sistema do qual participam a indústria têxtil e a de aviamento, alinhadas em seus propósitos de desenvolver certas referências de material, padronagem e cores com o objetivo de viabilizar economicamente o setor da confecção. É a produção em larga escala que alimenta milhares de máquinas e atelierse gera milhares de empregos.

Para evitar esbarrar numa rejeição por parte do consumidor, ao que vai ser apresentado ao mercado, a indústria direciona sua produção de olho em pesquisas de comportamento e de desejo realizadas pelos chamados birôs de tendências. Nem sempre acertam, mas, pelo menos, se o verde limão encalhar nas lojas outras cores e babados hão de cair no gosto do cliente!

Brilhos, tecidos metalizados, estampas de bicho – todo mundo da moda já viu estas “novidades” em temporadas recentes e bem mais antigas. Pois elas estão freqüentando as passarelas do Inverno 2012 com uma insistência que gera perguntas. Estarão estas “tendências” atendendo expectativas de um público ainda não saciado em sua vontade de ser ver “luxuoso, exótico, poderoso”? Ou a indústria ainda não conseguiu colocar em circulação todo o seu estoque de materiais com estas características?

A resposta a esta dúvida, contudo, se perde no ritmo frenético dos desfiles e da movimentação observada nas feiras que atraem lojistas ansiosos por renovar suas vitrines. A 19ª edição do Senac Rio Fashion Business, que aconteceu no Rio, de 9 a 13 de janeiro, refletiu num mesmo espaço – uma tenda armada no Jóckey Club Brasileiro, na Gávea – como se processa esta convivência, imprescindível, entre o que é produzido pela indústria e o que é desenvolvido pelo setor da confecção.

Na passarela, o glamour apela ao emocional e nos estandes, calculadoras em ação traduzem em números o que pode virar hit na temporada. Serão os brilhos, os metálicos e as estampas de bicho? Eles já pegaram em outros tempos, mas estão (ou continuam?) vestindo modelos e manequins nos lançamentos do Inverno 2012 confiantes em seu poder de sedução.

Nereide Michel
Estampas de bicho, brilhos, bordados estão (de novo) na moda.

Resumo do Inverno 2012: brilhos e bichos presentes lado a lado no estande da Guipure/Renata Gomes no Fashion Business.

Nereide Michel
Viúva Porcina adorava os brilhos. Eles estão de volta.

Uma das exposições da 19ª Senac Rio Fashion – Novelas que Viraram Moda – foi um refresco na memória do consumidor. Enquanto na passarela e nos estandes as novidades da temporada estreavam para o público, personagens como a Viúva Porcina (Roque Santeiro), em 1985, e Cordélia (Toma Lá Dá Cá), em 2007, já se vestiam com brilhos e estampas de bicho nos anos 90.

Nereide Michel
Cordélia, do sitcom Toma Lá Dá Cá, se vestia de forma “vistosa”.

O estilista mineiro Victor Dzenk viajou para São Luís, resgatou a tradição da cultura popular maranhaense – o Tambor de Crioula e o Boi Bumbá – e a interpretou na sua coleção. Com o brilho que ela merece!

Márcio Madeira
Bordados em canutilhos e vidrilhos na coleção de Victor Dzenk.

Estampas ferozes são onipresentes na coleção da Linx. Segundo a marca, a essência feminina é felina.

Márcio Madeira
A Lix aposta na continuidade do sucesso das estampas de bicho.

INFORMAÇÃO EXTRA

– Além de Victor Dzenk e Lix também desfilaram no Senac Rio Fashion Cavendish, Sta Ephigênia, Maria Filó, Sacada, Bárbara Bela, Anju Anju, Addict, Afeghan, Oh, boy, Patrícia Vieira, Cholet e Camila Klein.
Como vai ser o Inverno 2012? Veja mais sobre a moda para esta estação no www.conceitoatual.com.br

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