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Casamento e apelidos
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Há quem diga e assine embaixo: casamento é como catapora. Ou sarampo. Ou seja: tem gente que pega, tem gente que não. Quem garante é uma jornalista, solteirona convicta.
Quanto aos apelidos, alguns se encaixam de tal maneira que são para toda a vida. Sem escapes. Na vida real – Chico Ciência, Bob Fields – e na literatura – Rico, personagem de Luis Fernando Verissimo em “O Espiões”.
No caso do livro de Verissimo, trata-se de um sujeito que tentou cumprir um pacto de morte, tiro na cuca, mas sobreviveu. A bala ricocheteou na calota craniana. E ele passou a ser chamado, na cidadezinha imaginária do interior do Rio Grande, de Ricochete. Com o tempo, por conta da intimidade e, para simplificar, virou o Rico.

Na terra dos apelidos

Consta que Paranaguá foi a capital dos apelidos. Ninguém escapava. Um morador, que gostava de tomar umas e outras, era o Garrafa n’água.
– Garrafa n’água? – interessou-se o professor Afronsius.
– Sim. Como andava com o pé redondo, balançando para todos os lados, era a imagem perfeita de uma garrafa boiando.
A propósito, sabendo da fama da cidade, um outro cidadão chegou a Paranaguá disposto a sair de lá sem levar um apelido pelas costas. Hospedou-se em um hotel, na Praça Fernando Amaro, e lá passou três dias em clausura. Quase total.
Mas, volta e meia, só para conferir o ambiente externo, entreabria cuidadosamente a janela do quarto e dava uma espiada na pedrapedra era o ponto de encontro da turma da cidade. A Boca Maldita, no caso de Curitiba.
As breves e pontuais aparições do rosto do visitante na janela, no entanto, tinham sido registradas. Quando ele seguiu para a estação, para ir embora, crente que não tinha sido carimbado com um apelido, alguém gritou:
– Cuco! Cuco!

A bela da tarde e o Lauda

Já nas redações de jornais, os apelidos abundavam. Até hoje, aliás. Basta ver a instituição do Troféu Marques Jr. de Velho Atrasador de Jornal. Na redação de O Estado do Paraná, ainda na Rua Barão do Rio Branco, lá por 1968, um repórter que cobria a área política, terra arrasada pela ditadura, foi brindado com o título de um filme de Luis Buñuel – Belle de Jour (Aqui, A Bela da Tarde). Motivo:
– Passava o dia sem fazer nada, só pensando besteira…
E um outro jornalista, pródigo em preencher laudas e laudas sem parar, escrevendo em alta velocidade, virou o Chico Lauda – reverência ao ás do automobilismo Chico Landi, aliás, o primeiro brasileiro a participar da Fórmula 1.
– A gente ganhava mal já naquela época, mas até que se divertia… – bateu ponto final Natureza Morta.

ENQUANTO ISSO…


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