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Culpa da apócope?
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Embora não abra mão de sua leitura diária, até pelo fascínio só das palavras, professor Afronsius está longe da pretensão de ser um filólogo.

– Filólogo? Que diacho vem ser isso? – atalhou, iracundo, Beronha.

– O estudioso da filologia, que vem a ser o estudo de uma língua em todos os seus aspectos e também dos escritos que a documentaram.

Breve pausa:

– Obrigado, Aurélio!

Vai daí que ele, o Afronsius, tem sempre à mão o Dicionário do Aurélio. Aliás, recentemente, lendo um artigo sobre paleografia…

– Pale, pale… o quê? – Beronha de novo.

– A paleografia é o estudo das escritas antigas. Deriva do grego palaio que significa antigo e graphia que significa escritura.

– Ah, entendi – Beronha outra vez, agora já preparado para afofar o pelo. Pelo de peludo sem o chapeuzinho.

Do códice à supressão do fonema

Graças ao artigo sobre paleografia, ficou sabendo o professor Afronsius  que códice (substantivo masculino) é a forma característica do manuscrito em pergaminho, semelhante à do livro moderno. E que a tinta ferrogálica é composta de sulfato de ferro, ácido galotânico e um aglutinante, em geral a goma-arábica dissolvida em água.

E a letra cursiva?

Essa, sem trocadilho, ele tirou de letra, dispensando o dicionário: letra manuscrita, geralmente pequena, traçada de maneira rápida e corrente.

E dextrogiro?

O que vira para a direita. No caso, o ângulo da letra. O antônimo vem a ser levogiro.

– Antônimo? Você quis dizer antonômio… – Beronha, desistindo de afofar pelo.

– Antônimo. Palavra com significado oposto ao de outra.

Enfim, chegando onde pretendia, professor Afronsius citou o desconcertante substantivo feminino apócope.

– Simples. Apócope, ensinam os filólogos, vem a ser a supressão de fonema ou de sílaba no fim de uma palavra. Exemplo: bel por belo. Daí, quem sabe, inconscientemente, chegamos ao hoje maçante porque recorrente “tudo belê?”, que vem – ou vinha a ser – tudo beleza?

ENQUANTO ISSO…

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