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Frio –  frio na barriga
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A baixa temperatura mexe com o comportamento das pessoas. Nenhuma novidade. A possível novidade: no trânsito de Curitiba há quem pense que, acelerando ao máximo, é possível se livrar do frio, deixando-o para trás. Isso sem fugir da cidade.
Sabe-se que, no inverno, o cabôco se alimenta mais porque precisa de mais energia para conseguir mais calor.
– Somos seres homeotérmicos, precisamos manter a mesma temperatura, mas isso não significa que é preciso recorrer ao acelerador, pisar fundo – acrescentou o professor Afronsius, cada vez mais preocupado com o trânsito na capital.
Natureza Morta concordou e foi em frente: – É de dar mais frio, frio na barriga.

Vícios urbanos

Do anexo II da biblioteca da mansão da Vila Piroquinha, Natureza sacou o livro “Trânsito Louco”, de Marcos Prado, 1973. Os problemas, efetivamente, não decorrem da temperatura. Entre as razões do trânsito que já era maluco naquela época, temos do arquiteto, ex-IPPUC e ex-Detran, que, em 1971, o desafio curitibano era “implantar um plano de trânsito numa cidade com vícios urbanos impermeável a qualquer modificação em sua estrutura viária tradicional”.
Para o ex-prefeito Jaime Lerner, na orelha do livro, trânsito era “assunto que mais preocupa do que entusiasma, embora num país onde os automóveis crescem em progressão geométrica e isso acaba por atingir a todos, indistintamente”.

Hora do psicotécnico

Implantado na década de 1970, o exame psicotécnico para obtenção de carteira de habilitação apontou, nas primeiras levas, que só em Curitiba “quase 10% dos candidatos mostraram ser neuróticos”.
E, conforme Marcos Prado, Curitiba, como todas as cidades “em crescimento espontâneo”, não possui uma infraestrutura para suportar o impacto da era industrial, “cujo efeito mais direto é o aumento progressivo da sua frota de veículos”.
Proporcionalmente à sua população, “a cidade apresentava uma das menores áreas centrais – aproximadamente 0,5 Km quadrados -, onde há excepcional concentração de atividades comerciais, bancárias, culturais e recreativas”.
– Pois é, interrompe o professor Afronsius. Tanto é verdade que, até hoje, ainda ouvimos a clássica indagação: vai pro centro hoje?
Encerrando o dedo de prosa, Natureza aproveitou para reler mais um pedacinho do livro: “Os acidentes são hoje o nosso maior mal social. É um verdadeiro massacre que substitui as pragas da idade média, no Século XX”.
– Massacre que emplacou, sem trocadilho, e perdura o Século XXI.
Em tempo: Beronha, nosso anti-herói de plantão, não chegou a tempo para o bate-papo.
– Impossível. Parou tudo.
De fato. Houve ontem uma série de manifestações na área central.

ENQUANTO ISSO…


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