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Na contramão
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Não é fácil, ou, por outra, está cada vez mais difícil. São 1.406.049 veículos em Curitiba e, juntamente com a frota, crescem as queixas dos motoristas. Trânsito caótico! Professor Afronsius pede um aparte:

– Não são 1.406.049 veículos. São 1.406.048. Eu aposentei o meu pé de bode

Mas boa parte das queixas diz respeito aos guardadores de carros, ou flanelinhas, que, mal você estaciona o bólido junto ao meio-fio, surgem como donos do pedaço e intimam, na base da coação:

– Doutor, pode deixar comigo que ninguém tasca!

– Em primeiro lugar, não sou doutor coisa nenhuma. Em segundo,  cabe às autoridades específicas proteger o meu patrimônio volante em espaços públicos.

Vai daí que, na volta, encontrou o carro riscado. E nem sinal do prestativo guardador.

Já em Porto Alegre…

Não é de hoje o problema, e muito menos exclusivo de Curitiba. Em Porto Alegre, como relatou Juliano Rodrigues, colunista do Zero Hora, na edição de 14 de abril (“Pelo fim dos flanelinhas”), em 2009 a prefeitura de Porto Alegre, em acordo com o Ministério Público do Trabalho e a Brigada Militar, “regularizou” a função de flanelinha.

– Para quem não lembra, vou resumir o que dizem as regras sobre o trabalho dos guardadores de carro e peço a você que tente se recordar de uma situação em que elas tenham sido devidamente aplicadas: a contribuição pelo trabalho do guardador é espontânea, sem valor fixo; é obrigatória a entrega de um tíquete ao motorista; o flanelinha deve se apresentar ao serviço em perfeitas condições de higiene e sóbrio; em eventos com horário marcado, ele deve permanecer até uma hora após o término. Seis meses depois da promulgação da lei, ninguém a cumpria.

Profissão, desde quando?

Ao justificar o título do artigo, o colunista frisou que “este texto é escrito por alguém que não considera profissão a função de flanelinha, ou guardador de carro, ou seja lá como queiram ser chamados aqueles que ficam na espreita de motoristas para, em espaço público, achacá-los sem qualquer fiscalização das autoridades. Faço essa ressalva por reconhecer que a opinião que tenho sobre o assunto provavelmente está calcada na minha total incapacidade de observar qualquer resquício de atividade profissional no “trabalho” feito por essas pessoas.

A exceção, os honestos e cordiais

Ainda do artigo no jornal ZH:

– No papel, as regras são ótimas. A aplicação delas, porém, é risível. Salvo raríssimas exceções de guardadores honestos e cordiais, o que existe é intimidação aos motoristas. Alguém recebe tíquete quando deixa o carro aos cuidados de um flanelinha? A contribuição é mesmo espontânea? Bom, mais do que um gesto espontâneo, pagar pelo “serviço” dos guardadores é uma atitude compulsória e prudente, já que ajuda a evitar que o seu veículo sofra algum tipo de dano (por parte do próprio flanelinha, aliás).

– Em uma atitude corajosa, em 2013, a prefeitura de Caxias do Sul proibiu a função de flanelinha. A de Porto Alegre poderia reconhecer o fracasso na ideia de regularizar essa “profissão” e reproduzir a iniciativa caxiense na Capital. Seria um gesto de humildade e de respeito com os porto-alegrenses que, afinal, são os verdadeiros donos dos espaços públicos da cidade.

ENQUANTO ISSO…

 

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