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Ainda sobre cartografia, professor Afronsius sacou da prateleira a edição de abril do ano passado da Revista de História da Biblioteca Nacional, que traz um texto muito interessante (“Fontes de mitos”), assinado por Marcelo Motta Delvaux – autor da dissertação “As minas imaginárias: o maravilhoso geográfico nas representações sobre o sertão da América portuguesa – séculos XVI a XIX” (UFMG, 2009).

Ensina o professor:

– Se os espanhóis haviam se deparado com tesouros durante a conquista do império inca, entre 1531 e 1533, por que não haveria preciosidades semelhantes no interior do Brasil? Apesar de as terras brasileiras parecerem imensas e difíceis de explorar, os cronistas e viajantes do século XVI estavam convictos de que as áreas pertencentes a Portugal e Espanha no Novo Mundo tinham as mesmas características. O sertão brasileiro prometia ser tão próspero em metais preciosos quanto o Peru, já que ambos, supostamente, constituíam uma mesma realidade geográfica.

Os cartógrafos e os lugares míticos

– Nos dois primeiros séculos de ocupação da América, os portugueses se espraiaram pelo litoral. (…) Lugares lendários aguçaram a imaginação dos aventureiros, que se arriscavam no interior em busca de riquezas minerais. E os cartógrafos, movidos pela fé em lugares míticos, preenchiam as lacunas dos mapas com lagoas, serras e cidades fantásticas.

– Os mitos difundidos na América têm basicamente duas origens: o Eldorado, que está ligado à penetração e à ocupação dos Andes peruanos pelos castelhanos e às investidas pioneiras na Amazônia; e o imaginário elaborado durante o povoamento do rio da Prata e do Chacoparaguaio no século XVI.

E surgem as “amazonas”

– Um dos conquistadores espanhóis a percorrer a região do rio da Prata e o Paraguai foi o capitão Hernando de Ribera, nos anos de 1543 e 1544. Em suas narrativas, encontram-se muitas referências fantásticas, como a menção às “amazonas”, as mulheres guerreiras da mitologia grega, e à existência de um lago denominado Casa do Sol: “Informaram (os índios) ainda que por aquela parte em que moravam as ditas mulheres havia ainda muitas outras populações, (…) perto de um lago muito grande, que os índios chamavam de Casa do Sol, porque era ali que o sol desaparecia”.

– Como as regiões andina e amazônica eram distantes da costa atlântica, onde os portugueses estavam nessa época, o Eldorado não exerceu tanta influência sobre esses colonizadores. Outra razão para este pouco interesse foi a prioridade dada à prata e às esmeraldas, em vez do ouro, pelos aventureiros que adentravam o sertão.

Movidos também pela fantasia

– À medida que a mineração avançava por áreas até então desabitadas, alguns mitos perdiam seu fascínio, enquanto outros se deslocavam para zonas ainda desconhecidas do sertão, como o leste da capitania de Minas Gerais. Pelo menos até meados do século XIX, terras inexploradas provocavam o desejo de riquezas e, claro, muita fantasia.

Ainda sobre mapas da mina, ressalta o artigo: “Sem conhecer o interior da Colônia, exploradores recorriam à imaginação. O que os olhos não veem, os cartógrafos desenham”.

ENQUANTO ISSO…

 

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