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Humoristas têm mais predisposição para a depressão? – Um depoimento de quem conhece as duas coisas
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Quando estamos sentados no sofá numa noite fria de domingo e ligamos a TV, é como se ela estendesse a mão e nos convidasse para descer num buraco escuro e profundo chamado depressão. Para ajudar, o Fantástico exibiu uma reportagem, como gancho da morte de Robin Williams, perguntando se humoristas têm mais potencial depressivo do que outras pessoas. Bem, o que posso dizer é que humoristas não são mais depressivos do que caixas de supermercado ou investidores multimilionários da bolsa de valores. Humor e tristeza não são opostos nessa profissão. São matérias-primas iguais: você vê tristeza no humor e humor na tristeza. O espanto de encontrar um humorista depressivo é o mesmo de alguém que se depara com um açougueiro vegetariano?

Minha família tem pessoas com problemas de depressão e eu não sou exceção. A depressão bateu forte em mim quando tinha 17 anos e foi até mais ou menos aos 21 anos. O que me dói é que perdi o auge da minha virilidade sexual trancado num quarto escuro desenhando as mesmas tiras 242973532 vezes (não só desenhando). Só consegui sair da depressão – e daquele quarto úmido – quando decidi, por conta própria, que não queria viver a vida daquele jeito. Foi uma decisão minha, uma opção tomada diante do precipício que estava à minha frente: a vida podia ser de um jeito diferente. Levar os problemas comigo era muito melhor do que deixar os problemas me levarem (*).

Não fui a especialistas e nem pedi ajuda de ninguém. Se tivesse feito, talvez tivesse passado menos tempo mergulhado no inferno existencial. No entanto, ainda que submerso na escuridão da depressão, eu sabia que ao menos um pouquinho de luz entraria por alguma fresta e invadiria minha cabeça dura para me dizer “sai dessa, cara. Viver é mais divertido do que você imagina”.

Depressão é um m#rda porque todos os dias são exatamente iguais, ruins. Tortuosos. Chega uma hora em que enche o saco viver assim. Foi o que devem ter pensado Robin Williams e Fausto Fanti, por exemplo. Para minha sorte, eu tinha apenas 21 anos e um caminho imenso pela frente.

Mudar. Saber que você pode mudar e que o destino pode ser diferente é, talvez, a melhor esperança para quem tem depressão. A outra é ter paciência: uma hora vai passar.

Benett

* – A propósito. A depressão é como a herpes. Se você se descuidar, ela floresce novamente nos lugares mais inconvenientes: no lábio ou durante as férias no litoral paranaense.

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