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A Igreja mandou queimar Galileu, não mandou?
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Não, não mandou. Mas ainda tem muita gente que pensa isso.

Reprodução
“Galileu diante da Inquisição”, de Joseph Robert Fleury (1847). Pelo afresco na parede (a “Disputa sobre a Eucaristia”), a cena é ambientada no que é hoje uma das Salas de Rafael, nos Museus Vaticanos.

Ocupado com o especial Darwin da semana passada, não reparei que o kandungus tinha legendado o quarto episódio da série A Igreja Católica: construtura da civilização, em que Thomas Woods analisa o caso Galileu. Ele mostra que esse episódio infeliz, em vez de símbolo de uma suposta oposição entre Igreja e ciência, foi uma convergência de fatores desfavoráveis: 1. Galileu não tinha provas científicas do movimento da Terra (a que julgava ter, em relação às marés, ainda por cima estava errada); 2. ele forçou uma nova interpretação da Bíblia numa época em que os protestantes acusavam os católicos justamente de dar pouca importância à Escritura, o que levou a Igreja a favorecer interpretações literais (aqui está a raiz de seus problemas com a Inquisição); 3. Tanto Galileu quanto Urbano VIII, o Papa que o condenou em 1633, eram pessoas de gênio muito forte; e por aí vai.

Na verdade, por eu já ter lido (e escrito) muito sobre o assunto, esse episódio do Woods não me empolgou tanto. Achei que ele deixou de fora informações importantes, como a primeira condenação, de 1616 (que, repito, teve como causa a questão da interpretação da Bíblia). Foi a desobediência das ordens dadas a Galileu em 1616 que causou seu novo processo em 1633. Woods ainda não mencionou justamente a “lenda” sobre um Galileu executado ou torturado, coisa que nunca aconteceu de fato. Ou Woods se esqueceu, ou essa “lenda” já estaria superada nos Estados Unidos (mas tenho razões para crer que não está).

Ainda assim, o vídeo tem muito mais méritos que defeitos, e vale a pena conferir:

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Se você ainda não segue o Tubo de Ensaio no Twitter, dá tempo de arrumar isso antes que eu perceba.

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