Bom Gourmet
Uma paixão nacional redescoberta
A tapioca é paixão nacional há bem mais de 500 anos, tendo encantado até Pero Vaz de Caminha: “Faz-se por aqui umas broas chamadas beijus tão alvas e saborosas que superam, e muito, o pão desse reino”, relatou o escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral, na crítica gastronômica mais antiga da história escrita do Brasil.
Esse ingrediente deixou as regiões Norte e Nordeste do país, de onde é originário, para estourar nacionalmente. Em Porto Alegre, por exemplo, a tapiocaria de um shopping passou de quiosque “esquisitinho” em 2011, quando foi inaugurada, a um dos preferidos do público. Para se ter noção, o faturamento do local aumentou mais de 100% em 2013.
Boa opção para substituir o pão
Explicamos: a fécula, que nada mais é que uma espécie de farinha extraída de tubérculos e grãos ricos em amidos, é retirada da mandioca, da macaxeira ou do aipim. Importante ressaltar que são raízes diferentes. Da produção da farinha, feita com a raiz triturada e prensada, escorre um líquido que, depois de decantado, dá origem à fécula úmida, de valor nutricional pobrinho, pobrinho. Ela não tem fibras, não tem proteínas, mas tem alto valor glicêmico (relativo à velocidade em que o carboidrato é digerido e transformado em açúcar no sangue).
Entretanto, é justamente essa ausência de propriedades nutricionais que torna a tapioca um alimento tão versátil e um aliado tão grande na dieta, explica a nutricionista Eneida Bomfim. A tapioca é apontada como a melhor substituição para o pão, por não conter gordura, glúten e sódio e por não precisar de óleo no preparo. O pão, em contrapartida, tem elevado valor calórico e é contraindicado a portadores de doença celíaca e aos seguidores da dieta sem glúten.
Neutra assim, a tapioca aceita qualquer tipo de recheio – ou seja, você pode aproveitar para incluir as fibras e as proteínas das quais o alimento é deficiente inventando suas próprias receitas. Mas para não perder o propósito de ter a farinha como amiga da dieta, Eneida aconselha a não exagerar nas calorias: evite azeite, manteiga, leite condensado e carnes gordas. No Nordeste, é comum que a massa seja consumida pura, como um biscoito, sendo molhada no café preto.
Ficou curioso?
Saiba como fazer a massa base da tapioca e prepare a sua
– O caminho mais fácil é comprar a fécula já hidratada (disponível na maioria dos supermercados). Caso ela não venha dessa forma, você pode deixá-la umedecer na água ou no suco de fruta. Depois, passe na peneira para separar torrões e guarde bem fechada na geladeira.
– Para preparar, não precisa de óleo. É só aquecer a frigideira antiaderente e espalhar duas colheres de sopa bem cheias da fécula, amassando de leve para moldar o disco. Na hora de preencher o recheio, não precisa virar. É só colocar os ingredientes e fechar em formato de meia-lua.