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Petrópolis 2011
Na região serrana do RJ, Petrópolis sofreu duas catástrofes em um intervalo de 11 anos.| Foto: EFE/Antonio Lacerda

O Rio Grande do Sul caminha em direção à triste lista das maiores tragédias climáticas da história do Brasil. Próximo de 100 mortes em decorrência das fortes chuvas que atingiram 401 municípios, ou seja, cerca de 80% das cidades gaúchas, as tempestades ainda podem voltar a castigar o estado gaúcho, conforme os institutos de meteorologia.

De acordo com o boletim atualizado pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul no fim da tarde desta terça-feira (7), o número de vítimas fatais chegou a 95 (e quatro seguem em investigação), com registro de 372 pessoas feridas e 131 que seguem desaparecidas.

As maiores tragédias do país estão concentradas na região serrana do estado do Rio de Janeiro e na área metropolitana da capital fluminense nos últimos 14 anos. A principal catástrofe climática aconteceu em janeiro de 2011, quando o volume de chuva esperado para o mês foi registrado no período de aproximadamente três horas. Um mar de lama invadiu as cidades serranas e a enxurrada destruiu casas e arrastou as vítimas. Nos municípios de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis, 918 pessoas morreram e 100 são consideradas desaparecidas na maior tragédia climática da história do Brasil.

No Rio Grande do Sul, o ano de 2023 já havia sido marcado pelas chuvas intensas e pelas tragédias no estado, que sofreu com enchentes e enxurradas pelo transbordamentos dos rios. O ápice aconteceu em setembro, quando as tempestades acompanhadas de fortes rajadas de ventos castigaram o Vale do Taquari, principalmente os municípios de Muçum e Roca Sales. O evento climático havia sido considerado o pior da história gaúcha, com 54 mortes. A última vítima foi reconhecida no dia 17 do mês passado, uma semana antes do início da tempestade recorde que superou a tragédia anterior.

Entre os dias 24 de abril e 4 de maio, o acumulado de chuvas ininterruptas passou os 420 milímetros de chuvas no período de 10 dias, no maior desastre natural da história estado. O lago Guaíba, o principal cartão postal de Porto Alegre, atingiu o nível recorde de 5,3 metros, superando a marca das inundações de 1941.

Nas últimas décadas, as tragédias climáticas provocadas pelas chuvas intensas em um curto período passaram a fazer parte do cotidiano do brasileiro com eventos concentrados nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Diferente da proporção estadual da enchente atual do Rio Grande do Sul, as maiores chuvas da história do país atingiram cidades isoladas ou regiões, o que diferencia a tragédia mais recente pela dimensão territorial.

O número de mortes no Rio Grande do Sul já superou a tragédia no litoral norte do estado de São Paulo em fevereiro do ano passado, quando as chuvas provocaram deslizamentos de terra e mataram 64 pessoas na cidade de São Sebastião. Uma vítima também morreu em Ubatuba. A rodovia SP-098, mais conhecida como Mogi-Bertioga, ficou interditada pelas quedas de barrancos em decorrência da força da água na descida das encostas.

Em maio de 2022, a região da Grande Recife foi palco da maior chuva da história do estado de Pernambuco com cerca de 130 mortes. Em uma semana, o acumulado foi de aproximadamente 500 mm. A intensa tempestade provocou deslizamentos, inundações de rios e afundamentos de terra.

Região serrana do Rio concentra maiores tragédias climáticas da história

Deslizamentos, enchentes e uma correnteza de lama devastando as ruas das cidades. Esse foi o cenário do maior desastre natural da história do país, entre os dias 11 e 12 de janeiro de 2011, na região serrana do Rio de Janeiro. De acordo com os dados da Defesa Civil, cerca de 35 mil pessoas ficaram desabrigadas e a tempestade impactou 17 municípios.

Se considerados os desaparecidos, o número de vítimas ultrapassa a marca de 1 mil nas cidades mais atingidas pela enxurrada que formou um mar de lama em Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis. Oficialmente, foram 918 mortes. À época, a Organização das Nações Unidas (ONU) considerou a tragédia como o oitavo maior deslizamento de terras dos últimos 100 anos.

Dois anos antes, durante a virada do ano em 31 de dezembro de 2019, uma pousada em Ilha Grande foi soterrada na costa verde, região litorânea do Rio de Janeiro. A cidade de Angra do Reis também foi atingida pelo desastre natural que deixou 53 mortos.

A histórica cidade de Petrópolis voltou a ser atingida por mais um grande evento climático em 15 de fevereiro de 2022, quando 253 pessoas morreram durante as fortes chuvas que deixaram um novo rastro de lama, destruição e tragédias pessoais 11 anos depois da maior catástrofe natural do país na região serrana. Atualmente, Petrópolis conta com sirenes para avisar os moradores sobre o risco dos desastres naturais.

A lista das tragédias climáticas do país ainda tem a tempestade do 5 de abril de 2010, que atingiu principalmente a cidade do Rio de Janeiro e Niterói, onde um único deslizamento matou 47 pessoas. Ao todo, foram 138 mortos e 72 desaparecidos na região metropolitana da capital.

Santa Catarina também sofreu com estragos disseminados em 2008

Em novembro de 2008, teve início a maior tragédia climática na história do estado de Santa Catarina com meses de chuvas que impactaram mais de 2 milhões de catarinenses, principalmente no Vale de Itajaí. Segundo os dados oficiais, 135 pessoas morreram e duas foram consideradas desaparecidas. A principal causa de óbito foi o soterramento, em 97% das vítimas localizadas. À época, 63 municípios catarinenses decretaram situação de emergência e 14 decretaram estado de calamidade pública.

De acordo com a Defesa Civil de Santa Catarina, a causa do desastre, que faz parte da lista das maiores tragédias do clima no Brasil, teria sido a “solifluxão”, processo em que o solo se desmancha. Mais de 4 mil pontos de deslizamentos foram identificados nas áreas atingidas. Entre os dias 22 e 23 de novembro, os níveis de precipitação alcançaram números recordes. Em Blumenau, durante cinco dias, choveu mais de 600 mm, quando a média mensal é de 110 a 150 mm. A cidade de Itajaí teve 80% de seu território inundado.

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