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Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo leite, pediu, em reunião com secretariado, reforço no policiamento em áreas atingidas pelas inundações.
Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo leite, pediu, em reunião com secretariado, reforço no policiamento em áreas atingidas pelas inundações.| Foto: Karine Viana/Palácio Piratini

Não bastasse a catástrofe climática enfrentada pelo Rio Grande do Sul, que teve 388 cidades atingidas pelas fortes chuvas que assolaram o estado na última semana, municípios gaúchos debaixo d'água vivem uma onda de roubos e furtos. Em algumas localidades, moradores se recusam a deixar residências inundadas, com medo de serem saqueadas.

Em uma reunião com secretários de estado nesta segunda-feira (6), o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), tratou da segurança pública como uma das ações prioritárias. Ele pediu a intensificação de patrulhas nas regiões afetadas pelos alagamentos, cujos problemas se concentram em Porto Alegre e região metropolitana.

No município de Arroio do Meio, no Vale do Taquari, o prefeito Danilo Bruxel (PP) chegou a pedir reforço no patrulhamento à Força Tática da Brigada Militar do estado. Moradores e voluntários têm relatado ocorrências criminais desde a semana passada.

Na cidade de 21 mil moradores, um homem foi assassinado com golpes de espeto e outro foi alvejado a tiros.

O baleado foi encaminhado para atendimento hospitalar. Não há confirmação sobre as motivações que provocaram os crimes. A situação se repete na capital gaúcha, onde estabelecimentos têm sido alvo de criminosos. A loja com produtos oficiais do Grêmio, no estádio do clube, foi saqueada no fim de semana. O local serve como abrigo a desalojados.

O estado do Rio Grande do Sul conta com mais de 48 mil pessoas em abrigos públicos e quase 156 mil desalojados. São 361 feridos e 90 mortes provocadas após o evento climático extremo além de quatro óbitos em investigação, de acordo com boletim mais recente divulgado pela Defesa Civil estadual na manhã desta terça-feira (7).

Ladrões roubam barcos e motos aquáticas de salvamentos

Em Canoas, assaltantes têm usado barcos e jet ski para chegar às propriedades, invadir casas e comércios evacuados. Como a cidade está debaixo d'água, moradores têm relatado que conseguiram salvar parte dos pertences elevando-os para pisos superiores das residências e são estes os alvos preferenciais dos marginais.

Também em Canoas, houve casos de roubos e furtos de barcos utilizados para o resgate de vítimas.

As mesmas embarcações levadas por bandidos estariam sendo usadas para a prática de crimes. A Brigada Militar do Rio Grande do Sul foi procurada pela reportagem da Gazeta do Povo, mas não se manifestou sobre a onda de saques e roubos.

Horror sobre saques e outros crimes no Rio Grande do Sul são compartilhados nas redes sociais

Uma série de publicações nas redes sociais tem relatado a ação dos marginais e o receio de moradores de deixarem residências no Rio Grande do Sul. Em um dos vídeos, pessoas que trabalhavam no resgate às vítimas flagraram o momento em que homens armados tentam roubar um grupo que está em outro barco. Em outro vídeo, a Brigada Militar aparece prendendo dois suspeitos de roubo em Canoas, a exemplo de registros de atos criminosos nas cidades de São Leopoldo e Sapucaia do Sul.

Um resgate precisou ser interrompido no fim de semana na região metropolitana de Porto Alegre após uma troca de tiros entre bandidos e policiais federais.

Desesperada, uma profissional do Corpo de Bombeiros que atuava no socorro às vítimas relatou o momento de terror. “Tivemos que parar o atendimento porque teve troca de tiros com os federais. Estamos bem, mas tivemos que parar o atendimento”, contou.

Em outro caso registrados em Canoas, bandidos deram voz de assalto a ocupantes de um barco lotado com desabrigados, mas acabaram presos porque na embarcação estavam dois policiais. Com receio, muitos voluntários passaram a navegar armados. Em um dos vídeos, um deles mostra a arma e diz: “quero ver quem é que vai nos roubar”.

Ao jornal O Globo, o comandante-geral da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, coronel Cláudio Feoli, disse que policiais tiveram férias canceladas, voltaram a trabalhar no fim de semana e que o policiamento em Canoas e em São Leopoldo foi reforçado para evitar saques. Considerou que o foco é salvar vidas e que o trabalho vem sendo desempenhado em um “cenário de guerra”.

Cobrança por resgates

Somada à catástrofe natural e à onda recente de crimes, a polícia gaúcha passou a registrar denúncias de pessoas em embarcações que estariam cobrando para resgatar famílias. A prática não é ilegal, mas a recomendação das forças de segurança é que as famílias aguardem o resgate público ou por voluntários que operam com órgãos oficiais.

O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), afirmou no último fim de semana que o enfrentamento a situações extremas, como a catástrofe registrada na última semana, são a oportunidade "para se ver o que há de melhor e de pior do ser humano". Ele agradeceu aos voluntários empenhados em salvar vidas e lamentou pelos golpes, notícias falsas e atos de vandalismo.

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