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A recupe­­ração de Malala foi considerada um milagre | Divulgação
A recupe­­ração de Malala foi considerada um milagre| Foto: Divulgação

Biografia

Eu Sou Malala – A História da Garota Que Defendeu o Direito à Educação e Foi Baleada pelo Talibã

Malala Yousafzai, com Christina Lamb. Tradução de George Schlesinger, Luciano Vieira Machado, Denise Bottmann e Caroline Chang. Compa­­­nhia das Letras, 360 págs. R$ 34,50.

No mercado editorial, é comum que se aproveitem fatos relevantes para lançar obras e biografias a partir de acontecimentos ainda "quentes", estratégia que, às vezes, soa duvidosa pelo curto espaço de tempo para apuração e elaboração do texto. Não é o caso da autobiografia Eu Sou Malala, que conta a história da garota paquistanesa Malala Yousafzai, de 16 anos, que se tornou um ícone mundial da luta pelo direito à educação.

Escrita com a jornalista Christina Lamb, correspondente no Afeganistão e no Paquistão desde 1987 (atualmente, trabalha no Sunday Times e é vencedora de diversos prêmios, como o Prix Bayex, honraria prestigiosa para correspondentes de guerra), a obra é um relato em primeira pessoa sobre a trajetória da menina que denunciou as leis impostas pelo Talibã entre 2007 e 2009, na região do Vale do Swat, noroeste de seu país natal.

Na época, o grupo travou uma campanha violenta contra o ensino para as meninas, com ataques a mais de 800 escolas do Vale – o exército do Paquistão expulsou o Talibã de Swat, mas, até hoje, há bolsões de militantes na região.

Ao ler as primeiras páginas da autobiografia, é possível entender o porquê de Malala ter levantado a voz: graças ao seu pai, a sua formação e educação foram diferentes das de muitas meninas paquistanesas. Primeiro, porque o pai é dono de uma escola, e quis garantir que a filha vivesse uma infância com liberdade e estudo.

Quando nasceu, ao contrário do que acontece quando o bebê é menina, o pai fez questão de que os amigos repetissem rituais que acontecem apenas quando nasce um menino (como a tradição de jogar frutas secas, doces e moedas no berço, para boa sorte). O nome foi uma homenagem à maior heroína do Afeganistão, Malalai de Maiwand, que foi ao campo de batalha anglo-afegão, em 1880 ajudar a cuidar dos feridos, e acabou morta pelo exército britânico.

O ambiente em casa, harmonioso, em um casamento não arranjado pelas famílias e com um pai respeitoso com a esposa e com os filhos (o que, segundo Malala, costuma ser raro no Paquistão), também favoreceu que a menina soubesse que poderia buscar algo além. No entanto, ela quase pagou com a vida essa audácia de ser uma militante, e foi alvo de um ataque em outubro de 2012, quando voltava para casa em um ônibus escolar (foi baleada na cabeça), fato que repercutiu em todo o mundo. O relato do atentado, logo no início da obra, é uma das partes mais surpreendentes do livro. A recuperação (ela ficou quatro meses internada em um hospital na Inglaterra) foi praticamente um milagre.

Proibição

Malala continua no centro nas atenções. Ganhou, no mês passado, o prêmio Sakharov para os Direitos Humanos do Parlamento Europeu e foi cotada como possível ganhadora do Nobel da Paz. Em seu país natal, entretanto, as opiniões sobre a menina se dividem, e escolas particulares paquistaneses têm sido impedidas de ter o livro da jovem. Após a premiação, o Talebã paquistanês a ameaçou novamente de morte.

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