Antonio Cava dá várias respostas a opiniões extremas

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Aforismo de fartura, de Antonio Cava

O produtor cultural Antonio Cava não pestanejou ao escolher o lugar em que receberia a reportagem da Gazeta do Povo para falar de seu primeiro livro, fartura: o Bosque Alemão, mais precisamente, na Torre dos Pensadores, feita em homenagem a filósofos alemães, como Immanuel Kant, Hannah Arendt e Friedrich Nietzsche – o último, para Cava, o “papa dos aforismos”.

A obra, que será lançada na quinta-feira (5), no Museu Guido Viaro, traz uma coletânea de cem sentenças concisas escritas pelo carioca nos últimos dois anos e meio, período em que vive na capital paranaense.

Com 50 anos recém-completados, Cava mudou totalmente o projeto, lançado pela editora Compactos, na última hora: inicialmente, lançaria uma coletânea com 50 crônicas, mas se deparou com vários autores nacionais fazendo o mesmo.

Resolveu abandonar a ideia original (que deve ser retomada em breve), e reuniu os aforismos. O resultado, segundo ele, foi um livro “propositivo”.

“É uma reação minha no meio da crise política e social pela qual passamos no mundo. O debate já deixou de ser político para ser psicológico.É uma resposta ao extremismo de opiniões que estamos vivendo”, explica.

Os cem pensamentos (o autor limitou o número para não deixar a obra “exagerada”) são fruto de vivências pessoais de Cava – derrotas, separações, fracassos. Mas também tem humor. “Se não houver esses momentos [de frustração], é impossível escrever. Mas também não quero vender tristeza. Nossa vida não é só drama. Foi preciso fugir da tentação da tristeza e apreciar o humor também.”

Outro cuidado foi a valorização da palavra: os aforismos ocupam uma página toda, e há um destaque da palavra-chave de cada sentença, ideia do editor do livro, o jornalista e escritor Osny Tavares.

“Também não quis nenhum tipo de artificialismo, como fotografias ou imagens”, diz Cava, que salienta que é possível ler os textos aleatoriamente, ou em sequência. “Nos dois casos, há uma coerência.”

Em Curitiba, Cava é responsável por uma série de eventos culturais, o mais recente deles, a mostra de cinema Loren-80, La Piu Bella, na Cinemateca de Curitiba.

O trabalho na área começou aos 16 anos, na Rádio Imprensa do Rio de Janeiro. Ele tinha um programa de música italiana e, enquanto todos esperavam os clássicos, ele chegou com rock-and-roll da Itália, o que gerou reações calorosas da comunidade italiana na cidade. “A partir daí, sempre estive ao lado da cultura”, diz.