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Cauby saúda o “povo simpático” de Curitiba em seu último grande show  na cidade. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Cauby saúda o “povo simpático” de Curitiba em seu último grande show na cidade.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Era a noite do dia 10 de novembro de 2012. Aos 81 anos e vestindo um fraque e gravata borboleta com paetês dourados, Cauby Peixoto subiu amparado por seu ajudante o palco montado no meio da Boca Maldita para seu último grande show em Curitiba.

Ele e sua “alma gêmea” musical, a cantora Ângela Maria, eram as principais atrações da 3ª Virada Cultural.

Logo na primeira canção que dividiram – a bossa “Onde Anda Você”, de Vinícius de Moraes e Hermano Silva – mostraram às mais de vinte mil pessoas o que a música brasileira já sabia havia seis décadas: dois cantores tecnicamente perfeitos e carismáticos. Estrelas do tempo em que os gigantes andavam pelos palcos, rádios e discos brasileiros.

A amizade dos dois começou nos anos 1950, nos corredores da Rádio Nacional, no Rio de Janeiro. “Ela tem a voz mais linda do mundo. Melhor que a da Barbra Streisand”, elogiou Cauby, no palco.

Mesmo com as dificuldades de movimentos que os muitos anos de carreira lhe haviam trazido, Cauby mostrou que ainda era o grande crooner do país.

Como prova o fato que sua carreira seguiu até o dia em que foi internado. Sonho de todo o grande artista, Cauby cantou até morrer. No ano passado, tinha lançado um disco excelente com clássicos da Bossa Nova.

Alguns deles estiveram presentes no reportório do show na Boca Maldita, ao lado de clássicos como “Ave Maria do Morro”, “New York New York” e até “Codinone Beija-Flor”, de Cazuza, numa interpretação de Cauby que certamente agradaria o compositor.

Assim, aquela noite pareceu uma grande serenata. Como as que Cauby lembrava de ter feito nas ruas da cidade na década de 1960, com amigos cujo nome esquecera, como disse em entrevista na véspera do show no Hotel Bourbon.

Homens Machos

Talvez com Waltel Branco, que foi convidado para assistir o show do amigo ao lado do palco em 2012. “Arranjei a maioria dos sucessos do Cauby”, disse o maestro.

Cauby recordou-se de outra passagem marcante por Curitiba, na década de 1980, quando seu baterista morreu em pleno no palco do Teatro Paiol, vitima de um infarto fulminante.

Ainda nesta a entrevista, o cantor havia teorizado sobre a sua proverbial (e exuberante) elegância: “Acho que é pela minha altura (1,86m). Com este porte tudo cai bem”, avaliou enquanto apreciava no espelho o conjunto formado por um paletó de couro de cobra, camisa preta cintilante de desenhos de purpurina.

Voltando ao show da Boca Maldita, chamou a atenção o carinho com que Cauby e Ângela foram recebidos pelo povo, que cantou seus nomes como hoje canta o de juízes e lutadores de MMA.

“Povo simpático” repetia Cauby, com o vibrato marcante de sua voz a cada ovação da galera. “Aqui todos os homens são simpáticos, até os homens machos”, disse, naquela que foi a grande frase da noite.

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