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 | Ingrid Skåre/Especial para a Gazeta do Povo
| Foto: Ingrid Skåre/Especial para a Gazeta do Povo

O tempo para criadores de filhos deve transcorrer numa dimensão à parte, porque os mais experientes vivem dizendo aos novatos “você vai ver como passa rápido”! Eu ficaria rica se ganhasse dinheiro a cada vez que ouço isso. Não traz uma sensação agradável, visto que a frase normalmente vem acompanhada da ordem “aproveite!”, que mais parece uma ameaça, e te deixa quase certa de que não, você não está aproveitando nada.

No começo da maternidade, tudo que eu queria era adiantar o tempo, ultrapassar os famigerados três meses. É na virada do trimestre que os manuais prometem tudo de bom. A cabeça firma; vem aquele sorrisinho; bebê já pode sair de casa; as primeiras vacinas já passaram, eis que tudo se faz novo. Tem quem jure que a gestação dura na verdade um ano, só que o finalzinho é completado no colo, igual aos cangurus.

Os três meses chegaram, e passaram. Os marcos cronológicos se sucedem, cada um escolhe os seus. Há dias em que a criança muda do nada. De repente, você percebe que ela está entendendo tudo que você diz. Ao som da palavra “banana”, ela gospe a chupeta e aponta para a fruteira. Acho que ela quer, né?

Como tudo é relativo, o tempo (do relógio e do clima) agora estacionou no período das doenças, necessárias que são na construção da imunidade. Como diz uma conhecida, você entrega a criança saudável na segunda-feira e recolher doente na sexta, para acalentar no fim de semana.

Haja coração. Imagino que, semelhante à alimentação, outras mães tirem de letra os resfriados e febres do inverno. Mas dia sim, outro também, ouço os colegas de redação lamuriando a temperatura da prole.

O pior é que existem escolas filosóficas controversas nesse tema. Diferem quanto à medicação correta, o número de gotas, a partir de quantos graus pode dar o remédio, e qual a hora de correr para o hospital.

Há ainda uma dimensão no tempo e no espaço em que o tema alimentação e doenças encontra uma intersecção. Tem o brócolis fermentado que pode fazer vomitar, mas também o chá de erva-cidreira que é um santo calmante. É bom decorar direitinho para não confundir: laranja solta, maçã prende, pera é neutra.

É tanta informação que, realmente, o tempo fica todo preenchido e acaba passando rápido. Ou o contrário: vem tanta responsabilidade que as horas pesam mais, duram uma vida.

O tempo que você tem para cuidar do seu filho ou a percepção da passagem dos dias é tema menor comparado com a importância de sua rede de suporte. Aqui vai toda nossa solidariedade para as mães que não dispõem do serviço disk-vovó. É tão bom ter sempre uma perto de você.

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