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A sexta-feira (22) do Festival de Cannes, que acabou no último domingo (24), começou com o sol batendo forte no Palais des Festivais, ao contrário do dia anterior, marcado por chuvas fortes. Mas o clima durante a primeira sessão para a imprensa de Chronic , novo filme do mexicano Michel Franco ( Depois de Lúcia ) não poderia ser mais diferente: o drama sobre um enfermeiro (Tim Roth, de Pulp Fiction ) que cuida de pacientes terminais com uma dedicação quase inacreditável deixou a plateia sem reação após o final chocante e deprimente.

Escolhido pelos organizadores do festival uma semana depois do anúncio oficial da competição pela Palma de Ouro, Chronic não tem cara de azarão. Franco estuda como uma doença afeta o cotidiano de uma família, analisando discretamente fatores como egoísmo, paranoia e como altruísmo chega a ser uma característica impossível no ser humano.

A inspiração para o personagem de Roth, em um dos melhores papéis de sua carreira, veio do próprio cineasta, que perdeu a avó em 2010.

“Ela ficou doente e passou vários meses presa na cama até morrer”, disse Franco em entrevista após a exibição do filme. “Fiquei emocionado e intrigado pelas enfermeiras que cuidaram dela. E decidi fazer um filme disso quando perguntei para a mulher que cuidou de minha avó se ela se apegava a todos os pacientes. Ela apenas sorriu gentilmente para mim.”

Ironicamente, o mexicano diz que “evita pensar na morte”, mesmo tendo dirigido Chronic e Depois de Lúci”, dois longas que orbitam em torno do tema. “É contraditório, mas o cinema é a melhor maneira para investigar profundamente esses temas.”

Chronic enfrentou uma das competições mais acirradas dos últimos anos, mas o impacto do longa mexicano ultrapassa prêmios ou eventos festivos. Não apenas pelas cenas fortes com os doentes terminais. Mas pelo que passa em poucas palavras.

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