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Portugueses e índios durante a fundação do Rio de Janeiro. | Reprodução
Portugueses e índios durante a fundação do Rio de Janeiro.| Foto: Reprodução

A Conquista do Brasil retrata o primeiro século do país em tom de história de horror, com sangue escorrendo e corpos decepados a cada página.

O livro do escritor e jornalista Thales Guaracy não economiza nos detalhes mórbidos ao narrar o processo de dominação imposto por Portugal.

O Brasil, diz o autor de 51 anos, não foi descoberto ou ocupado, mas conquistado em um século de luta, que culminou no extermínio de índios no litoral do país.

“Meu interesse inicial era entender a origem de nossos problemas, os motivos de o Brasil ser o que é hoje. Como na psicanálise, às vezes precisamos voltar às origens. Quis fazer isso, narrando de uma perspectiva realista”, diz.

Conflito

O conflito violento entre portugueses e índios está no centro da narrativa de A Conquista do Brasil. Os indígenas, com apoio de franceses que invadiram o Brasil, atacavam vilas e embarcações portuguesas . As tropas portuguesas , por sua vez, incendiavam aldeias e dizimavam adultos e crianças.

Ex-repórter e editor de revistas como Veja, Exame e Playboy e ex-diretor editorial do selo literário Benvirá, da Saraiva, Guaracy se dedica hoje aos livros que escreve -é autor de 20 títulos, entre ficção e não ficção.

O lançamento integra um filão de sucesso nos últimos 15 anos, o dos livros de divulgação histórica, que não necessariamente apresentam interpretações e fatos novos, mas narram temas centrais do país de forma acessível.

Maior sucesso desse gênero, o jornalista Laurentino Gomes, autor de 1808, assina o prefácio de A Conquista do Brasil. Dele, Guaracy tomou emprestado o formato de subtítulo bem-humorado que resume os fatos do livro.

No caso em questão: “Como um caçador de homens, um padre gago e um exército exterminador transformaram a terra inóspita dos primeiros viajantes no maior país da América Latina”.

O caçador é o degredado João Ramalho; o padre gago, o jesuíta Manoel da Nóbrega; e o Exército exterminador foi formado pelo governador-geral Mem de Sá para uma guerra acirrada contra os índios.

Ramalho (1493-1580) foi um dos primeiros portugueses a habitar o Brasil – acredita-se que tenha chegado aqui por volta de 1510. Casou-se com a filha de um cacique tupiniquim e formou um exército para caçar outros índios, como os tupinambás, e vendê-los como mão de obra escrava.

A perseguição imposta por Ramalho foi o estopim da Confederação dos Tamoios (1554-1567), quando os tupinambás lutaram contra portugueses. “Criou-se uma imagem de o brasileiro ser cordial, mas a história nega isso”, diz Guaracy.

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