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"Hoje vejo o palhaço não só como uma técnica teatral, mas algo espiritual", Felipe Ternes, ator | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
"Hoje vejo o palhaço não só como uma técnica teatral, mas algo espiritual", Felipe Ternes, ator| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Grupo

Ator quer profissionalizarCia. dos Palhaços

O último espetáculo da Cia. dos Palhaços, Entretantos Contratempos, foi indicado a sete troféus Gralha Azul e levou três (além de ator para Felipe Sarrafo, foram laureados o cenário e a sonoplastia). Foi com o diretor argentino Ricardo Behrens, que conduziu o grupo nessa criação, que Felipe descobriu que a inspiração de que precisa não está fora, e sim nas próprias características de seu clown – que incluem a dança.

Ele explica que qualquer trabalho que venha a fazer estará imbuído de Sarrafo – mesmo que haja uma veia dramática, como o solo Louco Eu, que ele pretende estrear neste ano. Já Entretantos Contratempos, peça que relê uma obra de Molière, deve voltar em maio no Guairinha.

Para se concentrar no aprimoramento artístico, Felipe, Eliezer Vander Brock e Nathalia Luiz procuram agora profissionalizar a administração da Cia.

Depois de seis anos ocupando o estreito imóvel na rua Amintas de Barros e dez de grupo, os Palhaços também procuram nova casa, após a venda do terreno para um empreendimento predial.

Palhaço Alípio retorna aos picadeiros

Quase um ano após sua saída da Cia. dos Palhaços, Rafael Barreiros retorna oficialmente aos palcos. O Palhaço Alípio estabeleceu parceria com o teatro Rodrigo D’Oliveira – que também está de endereço novo (R. Trajano Reis, 41).

O show No Mundo de Alípio – Histórias de Uma Mente Inquieta dura uma hora e é destinado a crianças e seus pais, já que há piadas que exigem "maternal completo". A escolha do horário – domingos ao meio-dia – procura aproveitar o movimento no Largo da Ordem neste período.

No espetáculo, Alípio anuncia que está decidido a um número perigosíssimo: andar de monociclo com os olhos vendados. Mas, aproveitando a presença do público, passa a contar causos de sua vida.

Nesse relato entram piadas em que o ator homenageia humoristas que admira, como Paulinho Mixaria e Fagner Zadra.

Como é costume no circo, o show requer muito envolvimento da plateia, chamada a contribuir na contação de piadas.

Espaço

Na estreia, as 50 poltronas que Rodrigo D’Oliveira colocou em seu novo espaço foram pouco, e teve quem sentasse no chão.

"Por enquanto o espaço está com aspecto, digamos, alternativo. Mas a ideia é investir para que seja um novo ponto de cultura na cidade", contou Rafael à Gazeta do Povo.

  • Rafael Barreiros como Alípio

O humor é muito mais que um ofício na vida dos atores premiados com o Troféu Gralha Azul de 2014. Tanto para Má Ribeiro quanto para Felipe Sarrafo, a comédia, mais do que um talento, tem sido um chamado quase que existencial.

Hoje com seus nomes artísticos em ascensão na cidade, Mariana Ribeiro (de Apucarana) e Felipe Ternes (de Curitiba) desenvolveram a alma de palhaço em momentos cruciais da adolescência.

"Eu sempre fui o brincalhão, que no momento de uma briga fazia uma tirada para que aquilo se dissipasse", relembra Ternes, hoje com 32 anos.

Isso veio à tona quando a família passou por uma crise. Aos 17, numa ocasião em que irmão, irmã e mãe discutiam, ele conta ter ido para o quarto e passado por eles com a mala da faculdade, nu: "Tchau, gente, tô indo pra aula". Foi o suficiente para aliviar o climão.

A família também influenciou muito na formação profissional de Má, que teve pai músico e mãe artista de teatro. Foi assim que, mesmo sendo muito tímida, ela cantou desde criança e participou de grupos de teatro. "Eu deixava de fazer algumas coisas por timidez, medo. Mas não sei como, acabei saindo até com teatro de rua", conta, explicando por que se embanana ao dar entrevista.

Resta uma lasca daquela menina, hoje com 25 anos. Foi num solo de Ricardo Pucetti, do grupo Lume, de Campinas, que veio o estalo. "O clown não é um personagem. Ele mexe com quem eu sou, com minhas fragilidades e medos, com a forma como enxergo o outro e ele me enxerga", explica Má. "Vai ficando tão profundo que se torna mais do que fazer alguém rir, contar uma piada. É ser tão sincero consigo quanto com o outro."

Encontro

Os caminhos de Má e Sarrafo se encontraram na Cia. dos Palhaços, que ele ajudou a fundar, após um curso de educação física, e onde ela fez seu primeiro curso de palhaço (com Alípio, que se desligou da trupe no ano passado). Depois ela aprofundou essa vertente numa oficina com a canadense Sue Morrison, que incluía máscaras xamânicas.

"O palhaço serve para tudo. Se estou fazendo uma peça mais dramática, ele também está ali. É um estado", conta a atriz.

Durante suas pesquisas, Felipe não chegou a uma conclusão muito diferente, e se convenceu de que existe uma função social para seu métier.

"Algumas tribos indígenas têm a figura do palhaço com uma função social e interferência em conflitos. Hoje vejo o palhaço não só como uma técnica teatral, mas como algo espiritual mesmo", diz.

Estudos sobre o gênero abriram portas à atriz

Má Ribeiro entrou em parafuso quando começou a pesquisa para seu solo da série Bifes_1, em que um grupo de seis atores escolhia um tema pessoal para ficcionalizar. As estrelas, o infinito, a morte, eram tantas coisas enormes que a atriz teve dificuldade em dar o start. Quando focalizou a figura do clown, que vem investigando há alguns anos, foi que encontrou o caminho a perseguir.

"Decidi falar sobre o que sinto, mas não é fácil, mexe muito. Mas ainda estou na superfície do que quero entrar. E o palhaço ajuda a falar disso." Os solos voltam ao cartaz durante o Festival.

Outros trabalhos de Má incluem o grupo de performance Filhas da Fruta e a banda Siricutico, que recentemente lançou um CD infantil. Com canções autorais que falam da nossa região, com direto a bala de Antonina e vocalizes deliciosos, o disco traz uma música que embala e deixa saudade quando acaba.

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