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Opiniões sobre temas que geram polarização, como o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), têm poucas chances de mudar em um debate nas redes sociais. | Roberto Stuckert Filho/PR
Opiniões sobre temas que geram polarização, como o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), têm poucas chances de mudar em um debate nas redes sociais.| Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Uma pesquisa recente de uma empresa americana de marketing de mídias sociais indica que, ao menos nos Estados Unidos, o Facebook não é o melhor jeito de influenciar as visões de alguém sobre política.

Dos mais de 10 mil usuários do site ouvidos pela “Rantic”, 94% dos Republicanos, 92% dos Democratas e 85% dos independentes disseram que nunca mudaram de opinião sobre qualquer tema devido a um post político.

A maioria também respondeu que considera o site um lugar inapropriado para discutir política, embora uma quantidade significativa de usuários tenha dito que já postou este tipo de conteúdo na plataforma (39% dos Republicanos, 34% dos Democratas e 26% dos independentes).

Dois lados

A polarização do sistema político norte-americano ajuda a explicar os resultados da pesquisa, na opinião da cientista política Maria do Socorro Souza Braga, da Universidade Federal de São Carlos. Ela explica que, no bipartidarismo, as preferências tendem a estar consolidadas há mais tempo. “Como são apenas dois partidos com capacidade de aglutinar a maioria das preferências para a disputa à presidência, isso acaba unindo setores com visões bastante polarizadas”, explica, por telefone.

“São divisões políticas que precedem [o debate no Facebook]. Não é uma postagem que vai fazer esta mudança em um eleitorado que tem certos valores mais cristalizados”

Maria do Socorro Souza BragaCientista política da Universidade Federal de São Carlos

Quanto mais forte a polarização, mais difícil é que alguém mude de opinião. “Tem mais a ver com as divisões políticas que precedem [o debate no Facebook]”, explica a pesquisadora. “Não é uma postagem que vai fazer esta mudança em um eleitorado que tem certos valores mais cristalizados”, diz.

Pró e contra o impeachment

No Brasil não há o mesmo tipo de polarização eleitoral que acontece no sistema bipartidário americano, ressalta Maria do Socorro. A pesquisa teria resultados diferentes caso fosse aplicada por aqui.

Mas a cientista política diz que a chance de alguém mudar de opinião com postagens no Facebook é igualmente pequena, principalmente em se tratando de questões como o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

“A polarização [aqui] está no impeachment. Com certeza o eleitorado que é pró-impeachment não vai mudar de opinião só porque foi colocada uma postagem no Facebook”, diz a pesquisadora. “Quando esta opinião se torna algo muito forte, não muda. Quem era pró, vai ficar até o fim. A mesma coisa para quem é anti-impeachment. Não é o Facebook que vai mudar isso, por mais que ele influencie no debate político”, diz.

Para Maria do Socorro, as visões políticas tendem a ser reforçadas na rede social. O Facebook, mais do que um ambiente de discussão destas posições, serve mais para aglutinar. “Vejo mais como uma ferramenta de mobilização – seja de um lado ou do outro.”

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