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Um país que tem 70% de suas riquezas rodando em cima de um caminhão. Esse é o Brasil, onde o efeito cascata da paralisação de um único setor provoca efeitos desastrosos a tantos outros segmentos da economia. Os atos de protestos, que interditam rodovias Brasil afora, prejudicam sobremaneira o agronegócio. Essa sem dúvida é a atividade mais afetada. Mas o prejuízo vai além. Gente como a gente, que tem tantos problemas quanto os caminhoneiros, que está tão insatisfeita com o governo e a política econômica quanto eles, também está sofrendo. E o que é mais grave, pagando um preço dobrado.

Não se discute o mérito das reivindicações dos motoristas do transporte rodoviário. Ao contrário, a sociedade e a população em geral têm sido solidários ao movimento. Mas é preciso haver limite e responsabilidade. Assim como os motoristas, os professores, o assalariado, o comércio e a indústria, como tantas outras classes, pessoas físicas e jurídicas também têm suas demandas e reivindicações. E todos têm o direito de protestar, fazer greves e mobilizações, desde que dentro da lei e dos princípios democráticos, sem ameaça ou risco ao direito do próximo.

Em um momento frágil da economia e da política nacional, o problema não é exclusivo dos caminhoneiros. O problema é muito maior. O problema é do Brasil. O preço alto do diesel e o preço baixo do frete é consequência de inúmeros outros fatores conjunturais que impactam tantos outros setores e classes. E quando vejo as paralisações organizadas – ou desorganizadas – pelos caminhoneiros prejudicarem o abastecimento e a segurança alimentar, o fornecimento de combustível e energia e até a integridade física das pessoas, isso significa que tem gente pagando um preço dobrado.

Há tantas outras demandas, específicas e legítimas como a dos caminhoneiros, em outros segmentos da economia e da sociedade. Cada um com seu direito e a sua verdade. Mas não dá para tolerar milhares de litros de leite sendo jogados fora, frangos e suínos morrendo por falta de ração, cooperativas e indústrias parando por completo sua operação. Mais uma vez, os caminhoneiros têm o direito e o deve de protestar. Desde que seja de maneira consciente, organizada e assegurando o direito de terceiros.

A considerar que a matriz multimodal e a economia brasileira são altamente dependentes do transporte rodoviário, não há outra maneira que não seja tratar a paralisação de caminhoneiros como questão de segurança nacional. Ela deve ser respeitada, mas também coibida em seus abusos. Aliás, será que o problema do setor é apenas com o governo, como alegam os manifestantes? Por que apenas os caminhoneiros e não as transportadoras estão protestando?

Disputa acirrada nas máquinas

As máquinas eram verdes, amarelas, azuis e vermelhas. Mas o evento era da John Deere, que na semana passada realizou um workshop de tratores em Passo Fundo (RS). Levou produtores e jornalistas para apresentar seus diferenciais nas diversas linhas oferecidas pela marca. Uma estratégia ousada e agressiva de marketing, não pelo fato de destacar as qualidades e benefícios do seu produto. Mas por colocar seus tratores lado a lado com os da concorrência. Da apresentação teórica à dinâmica de campo, adotou a estratégica da comparação. Durante uma manhã de demonstrações era comum ouvir dos especialistas que o concorrente não tem isso, que o concorrente não tem aquilo ou então que o concorrente não tem isso nem como opcional.

Já não basta falar que a minha máquina é melhor. É preciso mostrar que ela é melhor. E para isso a John Deere levou para o campo aberto – além do laboratório – não apenas os seus tratores como a de seus concorrentes. Mostrou na teoria e na prática, para produtores e jornalistas, o que eles julgam ser os diferenciais competitivos, de custo e benefício da marca, em relação aos seus concorrentes.

A estratégia agressiva da marca verde revela entre outras variáveis que 2015 será um ano difícil para o setor. Que o mercado está mais competitivo e que não será fácil repetir os números de 2014, que não foi um ano bom em relação a 2013. A venda de máquinas agrícolas no Brasil em 2014 contabilizou 68,5 mil unidades, resultado 17,4% menor que no ano anterior, quando foram vendidas 83 mil. O desempenho menor foi puxado pelas colheitadeiras, com queda de 25,9% e pelos tratores, menos 14,5%.

Como 2013 foi considerado um ano excepcional, fora da curva, depois da queda do ano passado as montadoras querem retomar o crescimento com base nos números de 2012. A John Deere, por exemplo, projeta para 2015 um ano similar a 2014. A empresa espera um crescimento entre 10% e 15%. Um porcentual de crescimento parecido ao índice obtido na comparação entre as vendas de 2014 e 2012.

Para quem não conhece esse mercado, os tratores e colheitadeiras também são conhecidos pelas suas cores. Na John Deere, por exemplo, trator e colheitadeira são verdes, na Case eles são vermelhos e na Valmet um amarelo mais escuro, quase mostarda. A New Holland é a única que usa duas cores diferentes, sendo azul para tratores e amarelo para colheitadeiras.

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