• Carregando...
 | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Alvo de vândalos e ladrões três vezes somente neste ano, todas em menos de dez dias, entre maio e junho, a Escola Marumbi, no bairro Uberaba, agora tem um guarda municipal 24 horas para cuidar da segurança. Mas não foram as ocorrências policiais que levaram a prefeitura a adotar a vigilância constante na Escola Marumbi. O motivo é a instalação de uma impressora 3D e de seis computadores conectados a ela no Farol do Saber Hebert de Souza, dentro da unidade educacional, que serão usados pelos alunos conforme a nova proposta pedagógica da Secretaria Municipal de Educação (SME). Por mês, a gestão municipal pagará R$ 2,5 mil pelo aluguel dos equipamentos.

A segurança é reivindicação da maioria das escolas municipais de Curitiba. Elas enfrentam uma onda de furtos e roubos: entre janeiro e agosto foram registrados 505 furtos nas unidades educacionais do município, aumento de quase 40% em relação ao mesmo período de 2016. Na escola no Uberaba, em 31 de maio, um grupo invadiu a escola e quebrou 30 vidros. Dois dias depois, 20 vidros foram furtados, e no dia 8 de junho foi registrado mais um ato de vandalismo na área externa. No Cajuru, bairro ao lado do Uberaba, três escolas foram alvo de ladrões em um mesmo fim de semana em agosto.

Para os pais dos alunos da Escola Marumbi, a medida traz ao mesmo tempo alívio e desconfiança, já que, mesmo com um histórico de crimes, a escola só teve reforço de segurança graças à chegada da impressora 3D e dos computadores. “Acho meio injusto até. Por que só agora que essa impressora chegou é que eles trazem segurança? As crianças sempre estiveram aqui”, questionou a dona de casa Eva Flores, de 43 anos, que tem um filho na escola.

Outra mãe, que não quis se identificar, também ressaltou o fato de a vigilância nunca ter sido reforçada por causa das ocorrências de vandalismo. “A impressão que dá é que só veio segurança por causa dos computadores”, reclama a mulher.

Ao mesmo tempo, os pais encaram a presença do guarda municipal como imprescindível, uma vez que a modernização da escola com a impressora 3D e os computadores pode ser um atrativo a mais para os ladrões. A empregada doméstica Maria Helena Varelo, 42 anos, que tem dois filhos na Marumbi, aprova sem ressalvas o reforço na segurança. “Claro que esses equipamentos podem chamar a atenção dos criminosos. Até porque aqui já é um lugar conhecido desses ladrões, já tem um histórico. Então segurança é bem importante agora”, aponta.

A Secretaria Municipal de Educação de Curitiba explicou que a convocação de um guarda municipal 24 horas na Escola Marumbi foi a solução mais rápida para garantir a segurança aos equipamentos. Mas ressalta que a medida também reflete em reforço na segurança não só para a escola, como também para os moradores da região.

“Temos, claro, essa preocupação principalmente com esse farol que esta recebendo esse novo conceito, porque ele se tornaria um foco possível da criminalidade”, confirmou o superintendente de Gestão Executiva da SME, Oséias Santos. “A questão da violência é da sociedade, e não especificamente a escola em si ou do farol em si. Além disso, a preocupação não é só com o equipamento, mas com a própria segura das crianças”, afirmou.

Projeto inovador

A reinauguração do Farol do Saber Herbert de Souza carrega um projeto experimental da SME que integra ao currículo dos alunos atividades voltadas para o uso de tecnologias e mídias digitais. A ideia é fazer com que ao ter acesso à produção por meio da impressora 3D, os alunos consigam vivenciar práticas de planejamento com uma realidade próxima das que poderão encontrar no mercado de trabalho. “Eles precisam pensar em algum produto que seja significativo e essa produção acontece em várias etapas. Toda essa produção exige postura, autonomia e protagonismo. E isso traz ganho para eles”, explica a gerente de Tecnologias e Mídias Digitais da SME, Estela Endlich.

Segundo Estela, é a partir dos resultados do projeto experimental no Farol do Saber Herbert de Souza que a secretaria vai estudar a expansão da proposta para outras unidades. A ideia é adaptar filtros como o número de crianças a serem atendidas por oficina e tempo de produção, por exemplo, para definir minuciosamente a expansão da proposta.

Durante a inauguração do farol, o prefeito Rafael Greca chegou a afirmar que quer ao menos uma oficina com impressoras 3D em cada uma das regionais da cidade até o final do ano. Mas, conforme Estela, a projeção vai depender do andamento desta oficina experimental - até porque o custo para comprar os equipamentos é alto.

A gerente diz ainda que a escolha da prefeitura pela adoção da impressora 3D se adapta a uma tendência mundial. “Essa técnica já é muito usada na área da saúde, em arquitetura e urbanismo e na educação chegou agora também. Não queremos que os alunos sejam apenas usuários das tecnologias, mas que eles compreendam o processo”, salientou Estela.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]