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Anderson Barros, da Rádio Táxi Curitiba: cooperativas vão tentar recuperar mercado perdido para apps com um aplicativo próprio. | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Anderson Barros, da Rádio Táxi Curitiba: cooperativas vão tentar recuperar mercado perdido para apps com um aplicativo próprio.| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Cada vez mais populares entre os usuários de táxi, os aplicativos de celular que agendam corridas concentram esforços agora no segmento corporativo para ganhar ainda mais mercado. As metas de crescimento são altas e incluem soluções em nível internacional para empresas que aderem à tecnologia.

Taxistas planejam protesto nacional contra o Uber

Taxistas de diversas cidades do Brasil, inclusive Curitiba, estão organizando para 8 de abril um protesto contra o aplicativo Uber, que oferece serviços de transporte remunerado feitos por cidadãos comuns e está disponível em diversas cidades brasileiras. A categoria considera que o dispositivo provoca concorrência desleal e fere a lei.

Em Curitiba, o ato deve bloquear as pistas centrais da Avenida Cândido de Abreu, no Centro Cívico, a partir das 10 horas. As faixas laterais ficarão liberadas. “São carros executivos fazendo serviço de táxi. Estamos pedindo que as autoridades tomem providências em relação a isso”, conta Anderson de Souza Barros, presidente da Rádio Táxi Curitiba.

Questionamento

Os taxistas também questionam a falta de regulamentação para o mercado de aplicativos, tarefa que cabe às prefeituras. A maior queixa é a disparidade entre os encargos tributários que cabem às cooperativas de táxi e às empresas de aplicativos.

A Associação Brasileira das Cooperativas e Associações de Táxis (Abracomtáxi) encaminhou um pedido à Receita Federal para que averigue o recolhimento de tributos por parte dos concorrentes digitais. Consultor jurídico da associação, Fabio Godoy esclarece que não se trata de uma denúncia, mas de um pedido de checagem da situação.

O CEO da 99Taxis, Paulo Veras, diz que a companhia paga todos os tributos que lhe cabem e acrescenta que a regulamentação do segmento já acontece em Belo Horizonte, pioneira nessa tarefa. “Nós não temos táxis, não temos serviço de rádio e não temos motoristas. Somos prestador de um serviço de tecnologia”, diz.

A Easy Taxi também informa que recolhe devidamente os impostos devidos e acrescenta que é a favor de regulamentar o mercado, desde que isso seja feita de forma transparente e se reverta em mais qualidade para o serviço. (RC)

A 99Taxis, por exemplo, espera triplicar neste ano o volume de clientes corporativos, passando dos atuais 300 para cerca de mil. Já a Easy Taxi não divulga projeções específicas para o segmento, mas também vislumbra um crescimento substancial – a base atual da companhia é formada por cerca de 2 mil clientes empresariais em todo o mundo, sendo a metade no Brasil.

Uma das razões para o investimento nesse ramo é a alta rentabilidade que ele proporciona, já que o cliente empresarial responde por uma série de corridas e gera receita com regularidade. Co-CEO da Easy Taxi, Dennis Wang afirma que o mercado corporativo tem potencial para responder por aproximadamente 40% da arrecadação da empresa.

A estratégia é convencer os empresários das vantagens da adoção do serviço, que elimina vouchers e recibos físicos, permite controle eletrônico das corridas e inibe eventuais práticas de fraude. As empresas oferecem planos especiais, que incluem a cobrança de taxas, e asseguram que a economia dos clientes parte de 30%. A Easy Taxi proporciona ainda funcionalidades como o uso da ferramenta por profissionais em viagem a qualquer dos 33 países em que está presente, o que elimina a necessidade de pagamento com moeda local.

Aprovação

O sucesso com os clientes individuais impulsionou a entrada dos aplicativos no segmento empresarial. “Começamos a oferecer o serviço corporativo por uma demanda do mercado. As pessoas gostaram tanto do aplicativo que nos disseram que adorariam implantar o sistema na própria empresa”, conta Wang.

O crescimento junto aos usuários comuns foi bastante acentuado no último ano. A Easy Taxi elevou de 500 mil para 6 milhões o número de corridas que intermediou, em um avanço de 1.100%. A fatia de participação dos aplicativos no total de corridas feitas no país subiu de 1% para cerca de 10%, e deve chegar, em dezembro deste ano, a 15%. “Em dois ou três anos, esperamos responder por metade das corridas”, diz o CEO da 99Taxis, Paulo Veras.

Outra frente de crescimento é a adesão dos próprios taxistas ao serviço – a Easy Taxi estima que 90% dos profissionais do país já tenham o aplicativo instalado. “A ferramenta é muito boa para os taxistas, que não precisam ficar mais rodando para encontrar passageiro. O índice de desistência é praticamente zero,” relata Veras.

Acuados pela concorrência virtual, centrais e cooperativas de táxi começam a desenvolver os próprios aplicativos e também buscam soluções específicas para o segmento corporativo.

Centrais de Curitiba se unem em app comum

Reagindo ao crescimento dos aplicativos, as empresas de rádio táxi de Curitiba pretendem lançar ao público, no próximo mês, um aplicativo que reunirá os profissionais das maiores centrais e cooperativas da cidade. A estimativa é de que até 75% da frota do município integre o dispositivo, que deve receber o nome de “Central Táxi” e funcionará de maneira semelhante aos serviços que estão no mercado.

Boa parte das empresas já têm aplicativos próprios, mas uma ferramenta coletiva tende a dar mais capilaridade e velocidade no atendimento ao cliente. “Ninguém vai esperar mais de cinco minutos”, diz Anderson de Souza Barros, presidente da Rádio Táxi Curitiba, que tem 260 taxistas.

A entrada das centrais e cooperativas nesse ramo acontece diante do forte impacto que o crescimento dos aplicativos provocou em algumas empresas. Barros estima que a perda de clientes foi de 30%, em média. Também houve taxistas que se descredenciaram, para trabalhar autonomamente.

Ele reconhece que a expansão dos aplicativos se deu em um momento de insatisfação dos clientes com os serviços tradicionais e diz que o usuário buscou fugir da “musiquinha” que caracteriza a demora do atendimento telefônico. “O serviço ficou falho por um tempo. Nos horários de pico, principalmente, faltava táxi. Temos consciência disso.”

Barros afirma que a situação mudou, com a recente concessão de 750 novas placas. “Hoje, as centrais de táxi estão bem melhores”, afirma.

Vantagens

Ele destaca que as companhias tradicionais têm vantagens sobre os aplicativos em questões como privacidade, já que o taxista não tem acesso ao telefone do usuário e não consegue contatá-lo após a corrida; e atendimento de queixas, pois as empresas têm departamentos para analisar reclamações e sede física na cidade, o que facilita uma assistência presencial, se necessário. (RC)

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