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A Itaipu começa a produzir neste mês 32 unidades do Renault Twizy dentro de seu Programa de Veículos Elétricos, que já tem parceria com a Fiat | Alexandre Marchetti/Itaipu
A Itaipu começa a produzir neste mês 32 unidades do Renault Twizy dentro de seu Programa de Veículos Elétricos, que já tem parceria com a Fiat| Foto: Alexandre Marchetti/Itaipu

Abastecimento

Impacto no consumo de energia seria pequeno, indicam estudos

Estudos feitos pela Universidade de São Paulo (USP) indicam que o abastecimento de veículos elétricos teria impacto pequeno sobre o consumo total de energia no país. Se o país todo tiver carros elétricos, uma hipótese improvável, o aumento na demanda chegaria perto de 40%, diz o professor Paulo Roberto Feldmann.

Com base no uso de carros elétricos por taxistas paulistanos, em uma parceria entre a prefeitura de São Paulo, Eletropaulo e Nissan, chegou-se à conclusão de que o custo do quilômetro rodado do carro elétrico é de um décimo do veículo a gasolina. "O carro elétrico é o futuro. Não temos dúvida. Temos estudos que mostram que daqui a 15 anos, a cada dois carros na Europa, um será elétrico", afirma Feldmann.

O professor da Escola Politécnica da USP José Aquiles diz que nos Estados Unidos e na Europa algumas empresas permitem que os funcionários carreguem os carros elétricos nos prédios onde trabalham. Assim, economizam tempo.

O carregamento pode levar oito horas se o veículo estiver com a bateria zerada. Uma carga rápida é feita em pelo menos meia hora. O carro elétrico tem autonomia de cerca de 160 quilômetros. "A tendência é de que ele seja um veículo urbano", diz Aquiles.

Importação

No Brasil, empresas privilegiam os híbridos

Enquanto a circulação dos carros elétricos a bateria – os elétricos "puros" – ainda é restrita no Brasil, as montadoras investem na importação de "híbridos", com motor elétrico e a combustão. A tecnologia, que também contempla caminhões e ônibus, é uma das que estão em desenvolvimento na Itaipu Binacional.

Os híbridos têm a bordo um pequeno gerador. Por ter uma tecnologia nova, o custo ainda é caro, embora o consumo de combustível seja menor que um carro convencional. O Prius, da Toyota, um dos mais vendidos do mundo, custa cerca de R$ 120 mil. Acomoda cinco passageiros e consome de 20% a 30% menos combustível que um carro a combustão.

Referência na geração de energia limpa e dono da hidrelétrica que mais gera energia no mundo, o Brasil engatinha na produção de veículos elétricos. Enquanto nos Estados Unidos foram comercializados 592 mil carros elétricos no ano passado, em meados de 2013 a frota elétrica brasileira não passava de mil carros, o equivalente a 0,0003% dos veículos em circulação.

Os altos impostos, a dependência de peças importadas e a falta de estrutura para abastecimento nas cidades são alguns dos entraves para a produção de elétricos no Brasil. Enquanto o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) do carro 1.0 movido a combustão é de 7%, o dos carros elétricos a bateria chega a 25%, o que desestimula o setor.

"A política brasileira tem afastado os fabricantes", diz o presidente do conselho diretor da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), Jayme Buarque de Hollanda, para quem os carros elétricos a bateria são fortemente taxados por uma miopia de política do governo.

Professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Roberto Feldmann diz que o desenvolvimento do carro elétrico no país esbarra em interesses corporativos. "A pressão e o lobby dos usineiros de açúcar e álcool é que tem impedido o Brasil de avançar no carro elétrico", diz.

Ele menciona que em alguns países, como a China, o carro elétrico faz sucesso porque recebeu incentivo do governo. Os chineses eliminaram quase toda carga tributária sobre esses modelos para equiparar os preços aos dos veículos a combustão. O país é o que tem o maior número de carros elétricos em circulação no mundo e o único com uma montadora exclusiva desse tipo de veículos, a BYD, que recentemente abriu filial no Uruguai.

Outros bons exemplos de política voltada ao carro elétrico espalham-se pelo mundo. Na Alemanha, não incidem sobre ele determinados impostos exigidos dos veículos convencionais. Em Paris, a prefeitura comprou uma frota de carros elétricos e colocou à disposição da população – os usuários pegam o veículo e devolvem no fim do dia. Em Portugal, o governo montou uma rede de "eletropostos". No Brasil, no entanto, as poucas unidades de carros elétricos a bateria fabricados são absorvidas por empresas e não chegam ao consumidor.

Parceria

A Renault, junto com a Nissan, está investindo 4 bilhões de euros no desenvolvimento de veículos zero emissão. A montadora já vendeu seis carros para a FedEx Express. Em outubro de 2013, fez um convênio com a hidrelétrica Itaipu Binacional para montar 32 unidades do modelo Twizy, dentro do Programa de Veículos Elétricos da Itaipu, que há anos tem uma parceria do gênero com a Fiat.

Itaipu desenvolve tecnologia nacional

A Itaipu Binacional vem desenvolvendo tecnologia nacional por meio do Projeto Veículo Elétrico. Desde de 2004, foram fabricados 84 protótipos entre carros de passeio, ônibus e caminhões. O projeto é feito em parceria com Kraftwerke Oberhasli (KWO), controladora de hidrelétricas suíças, a montadora Fiat e outras empresas.

A partir deste mês, a hidrelétrica dará início à fabricação do Twizy, da Renault. O carro chegará à usina em kits mecânicos desmontados. "Ao fazermos a montagem, observamos também a nacionalização dos componentes", diz o engenheiro-chefe da Assessoria de Mobilidade Elétrica Sustentável de Itaipu, Celso Novais. A parceria, selada em outubro de 2013, prevê a montagem de 32 veículos. Os carros serão usados pela Itaipu e empresas parceiras do programa.

Três ônibus elétricos, com capacidade para 19 passageiros cada, estão sendo montados para uso durante a Copa do Mundo. A hidrelétrica também investe na fabricação de uma versão elétrica do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).

Novais diz que o veículo elétrico é bem mais econômico se comparado ao convencional. Para ele, o preço, uma barreira atualmente, deve cair com o tempo. Nos Estados Unidos, um veículo elétrico é de 30% a 40% mais caro que o movido a combustão.

Para o engenheiro, a oferta de energia não será problema para o Brasil manter uma frota de veículos elétricos. "O Brasil fabrica 3,5 milhões de carros novos por ano. Se só fabricar carro elétrico será necessário apenas 3% de energia a mais", diz.

Embora custe mais caro, o elétrico tem um desempenho mais econômico: gastaria R$ 10 para rodar 120 quilômetros, um quarto da despesa de um carro a combustão.

Eletropostos

A Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) estima que pelo menos 50 "eletropostos" estejam em funcionamento no país. Em Foz do Iguaçu, sede da Itaipu Binacional, já foram instalados cinco, a maioria em hotéis.

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