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| Foto: Ivonaldo Alecandre/Gazeta do Povo

O início do ano costuma ser o período em que as concessionárias anunciam promoções de carros novos a “taxa zero”, uma expressão própria do mercado automotivo para identificar financiamentos sem juros. Mas, ao contrário do anunciado, as compras a prazo nestas condições têm, sim, custos embutidos.

LEIA MAIS: a diferença de preços e a incidência de juros para alguns modelos com taxa zero

Ao colocar lado a lado o preço dos veículos à vista e parcelado, há sempre um valor adicional para quem não possui o montante na hora: são os juros, que representam o custo do dinheiro emprestado pelos bancos ao consumidor. “O dinheiro no Brasil ainda é caro e oferecer taxa zero não é real. Há um custo para quem está vendendo parcelado e a concessionária não sairá perdendo com isso”, afirma o planejador financeiro Valter Police Júnior.

Em um levantamento feito pela Gazeta do Povo com três modelos “populares” que se encaixam nessas promoções, todos apresentaram diferenças no preço à vista e parcelado, com juros entre 0,17% e 0,63% (veja mais na tabela). O cálculo, porém, não considera os custos do financiamento, como IOF, taxa de abertura de crédito e seguro, o Custo Efetivo Total (CET), o que torna a operação mais cara.

Avalie se os juros e descontos são aceitáveis

Para o pesquisador do Instituto Assaf e professor da FEA-USP de Ribeirão Preto, Fabiano Guasti Lima, os consumidores que decidirem adquirir um automóvel parcelado não devem aceitar custos superiores a 1,2% ao mês. Já aos que decidirem levar o produto no ato, Lima conta que os consumidores devem negociar descontos de pelo menos 10%.

Pense bem antes de comprar

Antes de trocar de carro, o pesquisador do Instituto Assaf Fabiano Guasti Lima aconselha o consumidor a pensar se essa é realmente uma necessidade naquele momento. Se não for o caso, Lima recomenda que o comprador espere pela queda dos juros e coloque no papel todos os gastos que estão vinculados à compra. “Se o carro desvaloriza em média 10% ao ano, mas a pessoa tira o dinheiro de uma aplicação de 13% no período, na ponta do lápis o dispêndio com seguro, IPVA e manutenção eleva o custo de 20% a 25%”, alerta ele.

Os contratos a prazo têm juros prefixados, o que significa que são definidos na hora da compra. No entanto, em um momento em que o crédito está mais caro e a Selic, taxa básica de juros, apresenta uma tendência de queda até o fim de 2017, os consultores aconselham os compradores a aguardar por condições mais favoráveis antes de adquirir um veículo.

Para o professor de Finanças do Insper Ricardo Humberto Rocha, os clientes que estão em dúvida entre comprar à vista ou financiado devem avaliar a necessidade de ter o modelo naquele momento, assim como a entrada, os juros das parcelas e o desconto à vista.

Como exemplo, Rocha cita um consumidor que possui investimentos em um fundo de renda fixa com 10% de ganhos líquidos, mas conseguiu um desconto de até 6% para a compra de imediato. “Há aí um custo de oportunidade ao tirar o dinheiro da aplicação, mas é comum que os descontos girem em torno dos 5% aos 6%. Por isso, é importante barganhar e evitar comprar carros que estejam saindo de linha ou que não atendam razoavelmente ao esperado”, recomenda ele.

Ao contrário dos ativos financeiros, Police alerta que os carros apresentam uma contínua depreciação que começa logo ao sair das lojas, quando a desvalorização é de 20%. Ano a ano, porém, a queda é menor e se mantém em aproximadamente 10%. “Em cinco anos, o patrimônio perde metade do seu valor”, acrescenta.

Simulação

Veja a diferença de preços e a incidência de juros para alguns modelos vendidos com taxa zero:

Modelo À vista (R$) Financiado (R$) Entrada (%) Parcelas Juros (% ao mês)
Hyundai HB20 Comfort 1.0 39.990 41.655 80 12 0,63
Chevrolet Onix LT 1.0 42.490 44.890 62,66 24 0,36
Renault Sandero GT Line 1.6 54.120 55.242 75 36 0,17
Fonte: Gazeta do Povo. Cálculo: Instituto Assaf. Os dados foram coletados entre os dias 16 e 18 de janeiro e correspondem aos valores informados nos sites das montadoras. Os juros não consideram o IOF, taxa de abertura de crédito e seguro para financiamento.
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