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Admito que nunca estive entre os melhores alunos de Matemática, quando estava na escola. Mas me lembro de várias coisas que estudei. Passados mais de 20 anos, acho que ainda consigo resolver uma equação de segundo grau e lembro alguma coisa a respeito de números imaginários. Mas não me recordo de ter tido qualquer aula sobre juros.

Claro, pode ser que eu esteja errado. A memória muitas vezes nos ilude, eliminando lembranças desagradáveis – e uma aula sobre juros deve mesmo ser desagradável para um piá de 14 anos. Mas o fato é que as escolas não ensinam muito sobre instrumentos que poderão ser úteis para cuidar do seu próprio dinheiro. Não que isso seja essencial: a prática ensina muito mais do que qualquer fórmula num quadro negro.

Há algum tempo, ouvi uma história da colega Rosy de Sá Cardoso, uma pioneira do jornalismo que continua na ativa, aqui na Gazeta. Ela me falou de seu tempo de adolescência, quando recebia do pai alguns mil-réis todo domingo. O dinheiro era pouco mais do que o suficiente para uma entrada de cinema, que era o grande programa da juventude na época. Se ela quisesse comprar alguma outra coisa, podia – mas ficava sem ir ao cinema. Tinha de escolher. É esse, afinal, o grande problema das finanças pessoais: a escolha.

Aprender na escola sobre juros, meios de pagamento e formas de investimento pode ser algo bastante útil, mas não ensina a tomar decisões inteligentes. Isso só se aprende na prática, quando a vontade de comprar algo é confrontada com a responsabilidade.

Por isso a minha opinião é de que ensinar valores, inclusive aqueles ligados às finanças, é função da família, não da escola.

O game da Visa

Educação financeira também traz a coluna de volta a um tema já tratado nas últimas semanas: os cartões de crédito e sua inadimplência de quase 30%. A Visa entrou em contato com o jornal para apresentar seus programas educativos. "Quero mostrar que estamos fazendo algo para que esses números não cresçam", disse Sabrina Sciama, gerente de Relações Corporativas da administradora de cartões.

A empresa tem um site, o Finanças Práticas (www.financaspraticas.com.br), com perguntas e respostas sobre o tema e alguns instrumentos interessantes, como simuladores que ajudam a calcular o orçamento doméstico e o valor de um financiamento. É possível ainda fazer o download de um aplicativo gratuito de controle financeiro.

O site inclui ainda o Bate-bola Financeiro, um jogo baseado em videogames de futebol que exige que o usuário responda a perguntas sobre planejamento financeiro. Sabrina observou que o jogo é uma maneira de levar o tema às crianças, e que ele faz parte de um projeto para levar educação financeira a escolas, em parceria com prefeituras e organizações não governamentais (ONGs). Na semana passada, um grupo de professores do interior paulista passou por uma primeira fase de treinamento. "Uma dificuldade que tínhamos com as ONGs era essa: os professores deles também não tinham noções de educação financeira", contou Sabrina.

Assumindo que dê certo e que esses meninos e meninas saibam tratar melhor o dinheiro – não estou bem certo disso –, ainda resta saber o que fazer com a atual geração de endividados. "Não estamos na situação de dizer ao banco que pare de emitir cartões", disse a executiva. "O que nós podemos fazer é levar educação e inclusão financeira." Isso inclui dar aos bancos parceiros – são eles, aliás, que definem as taxas de juros superaltas e enviam cartões quase como Chacrinha distribuía bacalhau nos seus programas de tevê – e a possibilidade de colocar à disposição de seus clientes o conteúdo do Finanças Práticas.

Melhor, caro leitor, é gastar menos. E pensar bem so­bre se você precisa ou não de cartão.

Preços divergentes

A rede de supermercados Pão de Açúcar enviou e-mail para comentar nota publicada na semana passada, que falou sobre divergências de preços entre o exposto na gôndola e o que aparece no caixa, com a leitura do código de barras. Segundo o comunicado, o fato está "em total desacordo com o padrão operacional da empresa". A companhia diz ainda que "intensificou seus controles e reorientou os funcionários para que estejam alertas às normas da empresa".

É bom mesmo.

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