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Estava andando pelas ruas do Centro na manhã chuvosa de ontem quando o som da loja me atingiu: “As luzes estão piscando/Jukebox tocando Amado Batista/E o pau tá quebrando/Ir trabalhar amanhã é o c%#&7!/Hoje é só farra, pinga e foguete”.

Preciso admitir que ando desinformado sobre o estilo musical dos autores desta pérola, os paranaenses Bruno e Barretto. A música é do ano passado e, pelo que descobri em uma rápida pesquisa, fez um sucesso tremendo. Sei inclusive que já tinha ouvido a música, e bem mais de uma vez, mas não tinha prestado atenção na letra.

Longe de mim ser um chato daqueles que ficam puxando a orelha dos outros em público. Mas andei escrevendo nos últimos tempos a respeito de Previdência e estamos às vésperas de uma reforma nessa área, cujo perfil ainda é desconhecido. É muito provável que ela traga o adiamento da aposentadoria e uma redução dos ganhos futuros daqueles que já estão no mercado de trabalho. E achei peculiar que o brasileiro esteja se divertindo ao som de uma canção que prega abertamente a imprevidência.

É da natureza humana ser atraído por farra, pinga e foguete. O trinômio representa a satisfação imediata dos sentidos, que no dia a dia das pessoas pode se manifestar também de formas diferentes. O mesmo impulso que leva o jovem a se acabar na balada (mas com Amado Batista? Achei anacrônico…) conduz à compra parcelada de roupas ou produtos eletrônicos, por exemplo – em vez de poupar para alcançar um objetivo, o consumidor deixa-se levar pela satisfação imediata da necessidade, pagando a mais por isso.

O que não dá é “glamourizar” esse comportamento, porque ele cobra caro. Não só pela ressaca do dia seguinte (que pode ser clínica e moral), mas também pelo seu efeito econômico de longo prazo.

Aos leitores

Registro, de modo talvez um pouco tardio, os comentários dos leitores Domingos e André sobre a coluna de duas semanas atrás, que tinha entre seus temas a maneira como a imprevidência (de novo ela) da população contribui para a manutenção das taxas de juros altas no país.

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