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Ukiyo-e é um tipo de pintura tradicional japonesa produzida durante o período Edo (1603-1867). Na maioria das vezes, os artistas, que usavam blocos de ma­­­­deira para impressão (xilogravura), se baseavam em representações teatrais como tema central. Em uma tradução livre, Ukiyo-e quer dizer "Retratos do mundo flutuante", definição que se encaixa anatomicamente em Muramasa: The Demon Bla­­de, jogo recém-lançado no ocidente para o Nintendo Wii.

Tudo é leve e parece flutuar no título desenvolvido pela produtora Vanillaware, que também criou o cultuado Odin Sphe­­re. Os personagens principais têm habilidades ninjas, como super saltos e combinação de gol­­pes com espadas (va­­riam con­­forme o modelo utilizado). Os inimigos vêm de todos os la­­­­­­dos. A maior parte das batalhas é realizada no ar. Sem falar nos cenários bucólicos que podem ser ex­­plorados em qualquer di­­­reção. Não há qualquer tipo de preocupação em manter verossimilhança. Basta dizer que é a representação de uma fábula, na qual não se pode cobrar realismo. Como um teatro kabuki.

Ambientado no Japão feudal, Muramasa conta a história da princesa Momohime, que te­­ve o corpo possuído pelo espírito de um forte guerreiro, e o nin­­ja Kisuke, que perdeu a me­­mó­­ria e têm que en­­frentar, mes­­mo sem saber os motivos, uma horda de inimigos assassinos. O en­­redo se passa em cenários baseados em uma mistura interessante dos visuais de animes, aquarelas, Ukiyo-e e, vá lá, com a obra do pintor holandês Van Gogh. Visualmente é o jogo que melhor explorou o fraco po­­der de processamento do vi­­deo­game da Ninten­do, principalmente se comparado aos con­­soles rivais.

A jogabilidade lembra o antigo estilo de ação lateral em 2D, conhecido como "side-scrol­ling" e que se tornou febre du­­rante as gerações dos videogames de 8 e 16 bits. Não importa qual dos dois personagens seja escolhido para iniciar uma partida, os desdobramentos se­­guem basicamente um roteiro li­­near, com movimentação en­­ges­sada da direita para esquerda e vi­­ce-versa. O objetivo é chegar ao fi­­nal da fase. Para isso, de­­­ve-se seguir um mapa (que pode ser ampliado) até o chefão final. Se vencer, receberá uma espada que habilitará a abertura de uma passagem para uma nova fase.

O jogador quase só precisa se preocupar em abater os inimigos que aparecem pela frente. A tarefa é relativamente fácil, com exceção dos chefes de fase, em que é preciso um pouco mais de treino e estratégia para chegar até a vitória. Não há elementos escondidos ou quebra-cabeças pelo percurso e os ma­­pas apontam exatamente o lo­­­cal no qual o jogador deve se di­­­rigir. Com isso, os desenvolve­dores criaram um jogo com baixa curva de aprendizado. Para tornar a ação mais desafiadora para os mais experientes, fo­­ram misturados ao estilo elementos de RPG, como o desenvolvimento das habilidades dos personagens e a possibilidade de guardar itens que podem ser combinados, o que gera espadas mais poderosas. Segundo os produtores, pode-se fazer até 108 tipos de armas com proprie­dades diferentes.

Jogar por algum tempo o no­­vo título do Wii, no entanto, ge­­ra uma sensação de repetição. De que nada de novo poderá acontecer na tela e que os cenários já foram visto milhares de vezes. É um ponto ne­­gativo pa­­ra um grande número de jogadores, sem dúvida. Ainda mais levando-se em conta o inegável tra­­balho que as produtoras têm hoje em dia para prender a atenção a ca­­da minuto. A reimpressão de cada cena talvez tenha sido um dos objetivos dos criadores de Murama­sa: The Demon Blade, buscando na fonte o que fez o Ukiyo-e ser tão acei­­­­to: a possibilidade de se im­­primir o mesmo cenário ilimitadas vezes.

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