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O mercado financeiro tem mais um dia negativo após a divulgação de novos dados negativos da economia brasileira, como a queda do PIB no segundo trimestre e um déficit histórico nas contas do setor público. O dólar comercial volta a subir, depois de fechar na véspera na menor cotação das últimas três semanas, e a Bolsa de Valores opera no campo negativo, a despeito da melhora nos mercados asiáticos.

Às 13h13, o Ibovespa recuava 0,96% aos 47.254 pontos. Pela manhã, logo depois da abertura dos negócios, o índice caiu mais de 1,5%, mas reduziu as perdas na hora do almoço. Os números ruins das contas públicas amplificaram a queda.

Mesmo assim, ações de empresas ligadas a commodities voltam a subir com o clima mais tranquilo na Ásia. Os papéis da Petrobras, que nesta quinta tiveram valorização de mais de 11% com a recuperação do preço do petróleo, hoje voltam a puxar a alta do índice de referência do mercado de ações brasileiro. Os papéis ordinários da petrolífera se valorizam 5,12% a R$ 10,68, a maior alta do Ibovespa, enquanto as ações preferenciais avançam 3,82% a R$ 9,23, a segunda maior alta do índice.

As ações da mineradora Vale também têm um dia positivo. As preferenciais têm ganho de 1,68% a R$ 13,95 e as ordinárias avançam 1,47% a R$ 17,95.

PIB do 2º trimestre cai 1,9%, pior resultado desde 2009

Na comparação com o mesmo período de 2014, queda foi de 2,6%

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Dólar

O dólar comercial também ganhou força frente ao real e, no mesmo horário, subia 1,32% sendo negociado a R$ 3,60 na venda. Na máxima do dia, a divisa subiu a R$ 3,602 e na mínima recuou a R$ 3,545. Na véspera, a moeda americana apresentou sua maior queda em quase três semanas (1,33%), encerrando o pregão cotada a R$ 3,552 para venda.

Para o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, a piora nos números fiscais coloca em dúvida o ajuste fiscal e eleva a possibilidade da perda do grau de investimento pais. Com isso, o dólar ficou mais pressionado e ganhou fôlego. Rosa também avalia que o fator político faz crescer a percepção de risco do Brasil. O economista cita o pedido feito pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf (PMDB), ao vice-presidente, Michel Temer, para que o ministro da Fazenda, Joaquim levy, seja substituído.

Nesta sexta, o Banco Central vendeu os 11 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados na operação de rolagem para papéis a vencer em 1 de setembro de 2015. O giro financeiro da operação foi de US$ 531,3 milhões.

Bolsas chinesas fecham em alta

Na Ásia, as bolsas chinesas fecharam em forte alta depois dos ganhos nas Bolsas americana na quinta, impulsionados por uma melhora da economia americana. O PIB americano cresceu 3,7% no segundo trimestre, em termos anualizados. Além disso, novas medidas do governo chinês para estimular o mercado também animaram os investidores em Pequim, após cinco dias de pânico nos mercados globais.

Os fundos de pensão locais da China vão começar a investir 2 trilhões de iuanes (US$ 313,05 billhões) assim que possível em ações e outros ativos, disseram autoridades chinesas. Além disso, o Banco do Povo da China (Pboc, o banco central do país) fez uma nova injeção de capital no mercado financeiro do país, no valor de 60 bilhões de iuanes (US$ 9,365 bilhões), por meio de operações de liquidez de curto prazo.

Na terça-feira, o Pboc reduziu as taxas de juros e a taxa do compulsório bancário, além de injetar outros 150 bilhões de iuanes com operações de recompra reversa. O principal índice da bolsa em Xangai subiu 4,9% para 3.234 pontos.Na semana, porém, o índice acumulou perdas de 7,9%.

Na Europa, os principais índices acionários apresentaram queda durante, com os investidores embolsando os ganhos dos últimos dias, mas recuperam fôlego. Nos Estados Unidos, o dia é de perdas com o Dow Jones recuando 0,40% e o S&P perde 0,27%.

Números negativos

Continuam pesando no humor dos investidores os números negativos da economia brasileira. Hoje foi divulgado o resultado do PIB, que no segundo trimestre recuou 1,9% em relação ao primeiro e 2,6% na comparação com o mesmo período do ano passado. A retração veio acima do que esperavam os analistas ouvidos pela Reuters, que estimavam uma queda de 1,7% e 2%, respectivamente, na comparação trimestral e anual.

Também foi divulgado que as contas públicas tiveram um rombo de R$ 10 bilhões em julho, no pior desempenho para o mês desde que os dados passaram a ser registrados em 2001.

“A queda do PIB veio um pouco acima do esperado, mas já era aguardada pelo mercado. Na prática, o PIB é mais um dos números ruins da economia brasileira. As dificuldades fiscais do governo ficaram mais aparentes. Hoje o setor público divulgou um déficit de R$ 10 bilhões em julho, o que coloca em xeque a previsão de superávit para 2016. Também traz desconforto aos investidores o fato de não haver um consenso no governo sobre como melhorar as contas. A ideia de trazer a CPMF é defendida pela Fazenda, mas não pelo Planejamento. A grande questão é que não se vê uma luz no fim do túnel e os mercados reagem negativamente”, explica Newton Rosa.

Para o economista Jason Vieira, da Infinity Asset, o cenário de recessão reduz o apetite pelo prêmio de risco e a demanda por ativos brasileiros, afetados pelo contexto mais negativo.

“O mercado aqui responde ao contexto geral negativo (PIB, contas públicas, possível aumento de imposto), mas também está alinhado com uma correção os mercados na Europa e EUA, que devolvem os ganhos dos últimos dias”, diz Vieira.

O número menos ruim divulgado nesta sexta foi o do Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), que desacelerou a alta a 0,28% em agosto, comparado ao avanço de 0,69%, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

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