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Com mais regiões de classe média alta, como o Mossunguê, Curitiba concentrou o maior número de lançamentos de imóveis novos. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Com mais regiões de classe média alta, como o Mossunguê, Curitiba concentrou o maior número de lançamentos de imóveis novos.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Curitiba tem a maior oferta de apartamentos novos do Sul do país. Ao fim do primeiro trimestre, havia 11,2 mil unidades à venda na cidade, mais que o dobro do número de Porto Alegre, a segunda colocada, com 5,1 mil. Os dados são do Panorama Sul do Brasil, estudo da consultoria curitibana Brain Bureau de Inteligência Corporativa, que levantou informações de empreendimentos verticais de 32 cidades da região.

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Os imóveis residenciais disponíveis na capital paranaense correspondiam a 30% do total de unidades lançadas nos últimos anos, um indicador de que a oferta está elevada. Em Porto Alegre, o índice era de 20% no período da pesquisa, taxa que sugere uma velocidade mais rápida de negócios. A diferença de preços entre as duas cidades é, em parte, reflexo disso: com menos imóveis novos à venda, o preço médio do metro quadrado privativo na capital gaúcha estava em R$ 7,3 mil, ante R$ 6,2 mil em Curitiba.

Embora a oferta mais alta seja consequência óbvia da freada do mercado imobiliário curitibano, há que se considerar o número de imóveis lançados por aqui, também muito maior. De acordo com a pesquisa da Brain, a oferta inicial – total de unidades lançadas nos edifícios que ainda têm unidades à venda – em Curitiba era de 36,9 mil apartamentos, 40% mais que em Porto Alegre (26,3 mil). O número é desproporcional ao porte das duas cidades: a população curitibana é 27% maior que a porto-alegrense e o Produto Interno Bruto (PIB), 23% mais alto, segundo o IBGE.

UM DORMITÓRIO

Para Fábio Araújo, da Brain, uma das razões da oferta elevada em Curitiba está ligada ao perfil de zoneamento da cidade. “Foi lançada uma quantidade enorme de apartamentos studio e de um dormitório, o que inflou os números”, diz. Os apartamentos de um quarto respondem por 20% da oferta atual de imóveis novos na cidade, o segundo maior índice da Região Sul, inferior apenas ao de Passo Fundo (RS), com 29%.

“Os números mostram que Curitiba tem, indiscutivelmente, o maior mercado do Sul”, avalia o economista Fábio Araújo, um dos coordenadores do levantamento. “Até o início do boom imobiliário, por volta de 2008, era comum ouvir que o mercado daqui era pior, quando na verdade os dois eram basicamente do mesmo tamanho. Mas o boom em Curitiba foi muito mais forte e distanciou os dois mercados.”

Araújo atribui a rápida expansão em Curitiba a três fatores. O primeiro é o zoneamento, mais favorável a empreendimentos verticais. “Em Porto Alegre, você compra um terreno e pode construir duas ou três vezes o tamanho do lote. Em Curitiba, nos eixos estruturais, a área liberada para construção chega a dez ou 12 vezes o tamanho do terreno”, diz Araújo.

O segundo fator é o número de regiões de classe média alta. “Em Porto Alegre, há o bairro Moinhos de Vento e arredores. Aqui, temos as regiões do Mossunguê, do Bigorrilho, do Batel e do Cabral”, explica.

O terceiro é que, durante o boom, a maioria das construtoras de capital aberto que vieram para o Sul se estabeleceram em Curitiba. A cidade tinha menos barreiras de entrada, uma vez que a maioria das grandes construtoras locais quebrou ou encolheu após a crise dos anos 1990, segundo o economista.

MAIS LANÇAMENTOS

Dezessete empreendimentos foram lançados em Curitiba no primeiro trimestre de 2015, com 892 apartamentos ao todo – quase a mesma quantidade de unidades lançadas nos dois trimestres anteriores (923). “É sinal de que o mercado não recuará muito mais. Não voltaremos ao passado recente, maravilhoso, nem ao passado distante, trágico. O mercado tende a ficar um pouco mais normal”, avalia Fábio Araújo, da Brain.

Pouca oferta em Londrina, muito luxo em Maringá

As duas cidades mais ricas do interior do Paraná ficam a pouco menos de 100 quilômetros uma da outra, mas têm mercados imobiliários bastante distintos. A começar pela oferta de apartamentos novos.

Em Maringá, o número de unidades disponíveis ao fim do primeiro trimestre equivalia a 22% da oferta inicial, taxa considerada adequada pelo economista Fábio Araújo, da Brain: “É um número bom, indica um mercado girando rápido”. Em Londrina, onde a oferta era de 17%, “claramente falta produto”, diz.

Uma característica que distingue Maringá é o mercado de “preço fechado”, em que o comprador precisa pagar todo o imóvel durante a obra. “É direcionado para o investidor qualificado, que compra para alugar, ou para pessoas com muito capital”, explica.

O preço médio do metro quadrado privativo era mais alto em Londrina no primeiro trimestre (R$ 4.939 versus R$ 4.602), mas, segundo Araújo, chamam atenção a quantidade e o preço de imóveis destinados ao público de alta renda em Maringá. No primeiro trimestre, a cidade tinha 71 apartamentos novos à venda no segmento “superluxo”, com preços acima de R$ 2 milhões, a um valor médio de R$ 8.576 por metro quadrado privativo. Em Londrina, não havia imóveis novos desse tipo disponíveis.

“Londrina tem mais condomínios fechados de casas, que dividem com os apartamentos a preferência do público de classe média alta. Em Maringá, há uma predominância de apartamentos”, observa o economista. (FJ)

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