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Muito utilizada em treinamentos, processos seletivos (estagiários, trainees, cargos de área comercial, compras etc.) ou evolução funcional (quando há seleções entre vários candidatos internos para assumir uma nova posição), a dinâmica de grupo é uma ferramenta muito rica e assertiva. Também adiciona qualidade ao processo decisório de um ou mais candidatos e tem como objetivo recriar em laboratório uma situação real, para avaliar, principalmente, o comportamento dos avaliados, uma vez que a parte técnica dos candidatos já está descrita e detalhada no Curriculum Vitae (CV).

Esta ferramenta, porém, não é a única utilizada nos processos seletivos para avaliar as potencialidades dos candidatos. Utilizam-se também outras ferramentas, como a entrevista por competências, avaliação de potencial, entre outros.

Os jovens talvez sejam os que mais participam deste tipo de atividade, pois geralmente não possuem um sólido histórico profissional. Algumas empresas, entretanto, principalmente aquelas mais maduras, também realizam este tipo de atividade para posições gerenciais. Eu, inclusive, quando atuava como gerente em uma das empresas que trabalhei, fui incluído em uma atividade dessas para uma oportunidade de evolução funcional.

Algumas semanas após ter participado desta atividade, recebi um feedback sobre o meu comportamento, e achei interessantíssimo o resultado. Neste tipo de atividade, uma infinidade de características podem ser avaliadas. Vou citar algumas: personalidade, valores, crenças, capacidade de interação com colegas, habilidade para lidar com pressão, capacidade em lidar com o desconhecido, velocidade de raciocínio, administração do tempo, capacidade de ser influenciado e ouvir os outros, respeito aos colegas, assertividade, entre muitos outros.

Mas enfim, o que os avaliadores realmente consideram e avaliam? Esta pergunta, que geralmente os participantes gostariam de saber, continuará sendo um mistério. Os avaliadores sempre buscarão itens específicos nos participantes, mas que geralmente estão muito alinhados com o perfil do cargo disponível e também com a cultura da empresa.

De maneira geral, avaliam-se características como a proatividade, a originalidade e o respeito pelos demais, além das características específicas da posição aberta. Se, por exemplo, o profissional precisar, no futuro, lidar com profissionais técnicos, complicados, ou mesmo perfeccionistas, podem precisar de um líder democrático. Se a posição é para vendas, o profissional não deve ter vergonha de ligar e buscar novas empresas para vender produtos e serviços.

Outra dúvida comum é "como as pessoas devem se comportar em uma atividade dessas?". A resposta é: de maneira natural. É preciso dar sugestões para a resolução do problema, não ficar apático e nem tentar dominar o grupo. Os avaliadores, em geral, já possuem uma imagem de cada um dos candidatos, criada pelo consultor durante a entrevista pessoal, realizada antes da dinâmica.

Se, em grupo, o candidato age de maneira muito diferente desta primeira imagem (da entrevista pessoal), o profissional muito provavelmente não está sendo original. Pode estar "encenando". Por isso é importante ser coerente nas três situações: no que foi colocado no currículo, na entrevista individual e na dinâmica de grupo. As pessoas que estão em "harmonia" nestes três quesitos estão sendo coerentes, originais, verdadeiras com aquilo que responderam e fizeram.

Como se preparar para dinâmicas de grupo?

O autoconhecimento é um dos principais segredos para as dinâmicas de grupo. Se a pessoa conhece suas potencialidades e carências, ela já sabe que impressões irá causar nos outros e que habilidades pode explorar melhor. Também é possível preparar-se fazendo apresentações sobre si mesmo, observar sua capacidade de comunicação ou pedir que alguém de confiança o faça por você, para lhe dar feedbacks e ajudar você a ficar mais seguro para falar de si mesmo. Nesse caso, é bom treinar um discurso que envolva: um resumo da trajetória profissional, os melhores projetos já feitos, os momentos de dificuldade e também os bons feedbacks. Esse tipo de reflexão leva à fluência neste assunto, à autoconfiança e ao autoconhecimento.

Infelizmente, não há como prever o que será solicitado aos participantes nessas dinâmicas, portanto, é muito importante preparar-se para o inusitado.

Este tipo de atividade se parece muito com as regras gerais da boa educação. O que fará a diferença entre um candidato e outro, no final das contas, é o brilho nos olhos com que fala de seu antigo (ou atual) trabalho, a maneira como fala da formação, a vontade que demonstra em realizar as atividades, a maneira de observar e lidar com os colegas, entre outros.

Muitas pessoas pensam que os candidatos que obtêm mais sucesso nas dinâmicas de grupo são aqueles que mais participam, os que mais falam ou que se impõe de maneira muito assertiva. Mas isso não é totalmente verdade. Aquele que sabe ouvir e, muito importante, questionar e incitar os outros membros do grupo a refletir sobre a atividade são ainda melhor avaliados e observados. Perguntas inteligentes têm o poder de mudar todo o rumo da atividade e da discussão, e os líderes que sabem estimular corretamente o grupo têm sido bem melhor vistos e valorizados do que aqueles que simplesmente ditam o caminho a ser seguido.

A dinâmica de grupo é uma ferramenta muito assertiva e rica para avaliar a natureza intrínseca do comportamento humano, algo mais difícil de avaliar com precisão quando se faz entrevistas individuais, ambiente onde ainda é possível, mesmo que de maneira tímida, manipular um resultado ou resposta. Por isso, se conheça. Seja autêntico. Desenvolva sua capacidade de ouvir as ideias dos outros e não desempenhe papéis que não representam a sua real personalidade. No final das contas, se o escolhido for você, é porque você realmente tem fortes motivos para estar ali.

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