A fabricante de motores Perkins, que tem linha de produção na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), está se adaptando aos tempos de dólar acima de R$ 3. A companhia vem acelerando o processo de nacionalização de peças para baixar custos e está fazendo estudos para montar novos produtos com potencial de serem exportados para outros países do continente americano.
A projeção da empresa, que faz parte do grupo americano Caterpillar, é registrar neste ano uma queda de 10% na produção. A retração é pequena diante do desempenho de alguns setores para os quais a companhia fornece motores – máquinas para agricultura, construção civil e indústrias, todos segmentos em que a recessão vem impondo vendas pelo menos 20% menores do que em 2014. A exceção é a área de geradores elétricos que, tem demanda firme por causa da crise no setor elétrico.
A expectativa do diretor geral da Perkins, Wilson Lotério, é recuperar essa perda já no ano que vem. Com o dólar acima de R$ 3, a empresa enxerga a possibilidade de aumentar suas exportações, que hoje respondem por 20% das vendas. Para isso, uma das tarefas vem sendo a busca da redução de custos, o que envolve ganhos de produtividade e a nacionalização de peças, um ponto importante para justamente contornar os reajustes que também vêm com a desvalorização do real.
“Usamos cerca de 2,5 mil itens para fabricar motores, sendo que quase 2 mil são importados”, explica Lotério. “No momento, estamos conseguindo aumentar nosso conteúdo local. Em alguns produtos, houve um crescimento de 10% a 15% nesse conteúdo nos últimos dois meses.” Isso mesmo com o “custo Brasil”, que tira a competitividade de fornecedores nacionais de componentes.
Ao mesmo tempo, a Perkins está fazendo estudos para ampliar sua linha de produtos. Hoje, a fábrica curitibana tem em seu portfólio 200 modelos de motores de potência média, com três, quatro e seis cilindros. A ideia é trazer outras gamas de potência que poderiam ser exportadas, principalmente para a América do Norte – na divisão entre as unidades da marca, a fábrica do Brasil pode vender seus motores para clientes de países do continente americano.
A substituição de peças importadas também pode ajudar na expansão no mercado interno quando a economia voltar a crescer. Há linhas de crédito mais baratas para a compra de equipamentos com índices de nacionalização acima de 60% e elas poderão ser usadas, por exemplo, nas obras de infraestrutura do plano lançado na última semana pelo governo.
Vai ajudar o desempenho do fornecimento para fábricas de geradores, que apresentou demanda forte neste ano. Para atender esse segmento, a companhia importa motores de grande porte e instala complementos.
Com 150 funcionários, a Perkins está em Curitiba desde 2003 e se destaca pela combinação de alta produtividade, qualidade no ambiente de trabalho (está entre as melhores para se trabalhar no Brasil segundo o ranking da Great Place to Work) e qualidade na produção. Há dez anos, por exemplo, a companhia não tem um acidente com afastamento do trabalhador e recentemente foi premiada por um cliente por chegar à marca de 21 mil motores entregues sem nenhum defeito.
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