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| Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Incertezas em relação ao rumo da economia brasileira e cautela com a crise política no país guiam o dólar à terceira alta consecutiva em relação ao real nesta sexta-feira (24). A moeda americana chegou a bater R$ 3,34 logo na abertura dos negócios e opera no maior valor em mais de 12 anos.

Às 11h10 (de Brasília), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha valorização de 1,16%, para R$ 3,326 na venda. Já o dólar comercial, utilizado no comércio exterior, avançava 0,94%, para R$ 3,327. Por ora, ambos estão no maior valor desde março de 2003.

O efeito negativo também continua pesando sobre a Bolsa brasileira: o principal índice de ações nacional, o Ibovespa, registrava baixa de 1,64% às 11h10, para 48.991 pontos – renovando, por ora, a menor pontuação desde 16 de março, quando estava em 48.848 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 750 milhões.

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Preocupação

Segundo investidores, a alta do dólar e a queda da Bolsa refletem preocupações com os riscos ao grau de investimento brasileiro após os cortes nas metas fiscais do governo brasileiro.

O governo reduziu a meta de superávit primário deste ano para R$ 8,747 bilhões, ou 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB), contra R$ 66,3 bilhões (1,1% do PIB), previstos até então. Além disso, abriu a possibilidade de abater até R$ 26,4 bilhões que, no limite, pode até gerar novo déficit primário.

As metas para 2016 e 2017, por sua vez, caíram para o equivalente a 0,7% e 1,3% do PIB, respectivamente. O objetivo anterior para cada um desses anos era de 2% do PIB, percentual que agora só deverá ser alcançado em 2018.

“A drástica redução da meta para 2015, assim como o ajuste extremamente gradual esperado para os próximos anos, sublinha o esperado rebaixamento pela Moody’s e pode também desencadear revisões por outras agências e a perda do grau de investimento”, escreveram analistas do banco Brasil Plural em nota a clientes.

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Intervenção

Nesse quadro, investidores aguardavam também novas pistas sobre como o Banco Central se posicionará em relação a suas intervenções no câmbio, levando em conta que o fortalecimento do dólar tende a aumentar a inflação já elevada.

Mais tarde, o BC dará continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em agosto, com oferta de até 6 mil contratos, equivalentes a venda futura de dólares.

Operadores aguardavam com ansiedade o anúncio da rolagem dos contratos que vencem em setembro e correspondem a US$ 10,027 bilhões. Se o BC sinalizar que deve continuar rolando cerca de 70% dos contratos, como fez no mês passado, a tendência é que o dólar não volte a patamares mais baixos.

“Seria um sinal de que o BC está confortável com o dólar nesses níveis”, explicou o operador de um importante banco internacional.

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