A sinalização de que o governo enfrentará dificuldade para aprovar no Congresso as medidas de esforço fiscal anunciadas nesta segunda (14) fez o dólar subir em relação ao real nesta terça-feira (15). A moeda à vista, referência no mercado financeiro, fechou com valorização de 0,22%, para R$ 3,865 na venda. Já o comercial, utilizado em transações de comércio exterior, avançou 1,15%, para R$ 3,862.
Não gostou da CPMF? Veja seis medidas impopulares de ajuste que o governo evitou
Fazer um ajuste fiscal popular é um desafio quase impossível. Na verdade, há soluções até mais duras – e talvez mais eficientes – do que as apresentadas na segunda
Leia a matéria completaUm dos pontos mais polêmicos do pacote fiscal, a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), continua encontrando resistências. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criticou a intenção do governo de retomar o imposto. Com as medidas, os ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento) esperam conseguir cumprir a meta de superavit primário de 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2016.
Medo do fracasso
A avaliação é que o fracasso do novo pacote faria o país perder o selo de bom pagador conferido por outras agências de risco além da Standard & Poor’s, que cortou a nota de crédito na semana passada. “A presidente Dilma Rousseff jogou a batata quente para o Congresso. Fez a equipe econômica propor medidas difíceis e hoje afirmou que a aprovação delas é fundamental para o país. Ou seja, se houver uma demora muito grande para aprová-las, ou se elas forem rejeitadas, o Brasil deve perder o selo de bom pagador das demais agências”, disse Linican Monteiro, executivo da equipe de análises da Um Investimentos.
“Grande parte do pacote ainda precisa de aprovação dos parlamentares. O mercado ficou reticente em comprar uma expectativa de plano, e não a ação propriamente dita. As medidas são construtivas, mas haverá mais otimismo com uma ação concreta”, afirmou Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos.
lan Goldfajn, economista-chefe do Itaú, ressaltou em nota que o anúncio do governo foi positivo, mas que a implementação das medidas deve ser “difícil”, pois apenas R$ 14 bilhões do pacote não dependem de aprovação do Congresso.
O economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs, enxergou um “risco significativo de implementação” do pacote fiscal. “Dado o baixo nível recorde de popularidade da administração atual e a fragmentação crescente de seu apoio no Congresso, esperamos que algumas dessas medidas enfrentem forte resistência, principalmente a aprovação da amplamente rejeitada CPMF.”
Ações em alta
Apesar da cautela com o quadro fiscal brasileiro, o principal índice da Bolsa fechou com leve alta de 0,17%, para 47.364 pontos. O bom humor nos mercados internacionais, após os gastos dos consumidores nos Estados Unidos terem subido em agosto, ajudou a sustentar o índice no azul. O mercado, no entanto, segue aguardando com cautela a decisão de política monetária do Federal Reserve (banco central americano) na quinta-feira (17).
Ações de bancos subiram. Este é o setor com maior peso dentro do Ibovespa. O Itaú ganhou 2,46%, para R$ 28,27, enquanto o papel preferencial (sem direito a voto) do Bradesco teve valorização de 1,92%, a R$ 23,85. Já o Banco do Brasil avançou 3,63%, para R$ 17,70. Já a Petrobras caiu. O papel preferencial da estatal recuou 0,91%, para R$ 7,65, enquanto o ordinário perdeu 1,13%, para R$ 8,73.
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