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Para Ater Cristófoli, não existe caminho melhor do que investir em conhecimento para a indústria se sofisticar. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Para Ater Cristófoli, não existe caminho melhor do que investir em conhecimento para a indústria se sofisticar.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

O empresário de Campo Mourão Ater Cristófoli fez política industrial por conta própria. Quando ele decidiu investir na produção de equipamentos para a área médica e odontológica, no início dos anos 90, não existia mão de obra nem fornecedores para a fábrica, que se dedicou à produção de autoclaves, equipamentos que fazem a esterilização de materiais em consultórios e clínicas.

Para ter fornecedores, o empresário buscou fabricantes de outros produtos na região que pudessem se adaptar à sua demanda. Hoje, 20 empresas fornecem para a Cristófoli, a maioria porque conseguiu se adaptar às exigências tecnológicas do mercado de saúde. Em outra ponta, a companhia investiu na construção da Fundação Educere, um centro para capacitação técnica e empreendedora, que com o tempo também se tornou uma incubadora de novas empresas.

“Política industrial isolada não resolve. É preciso investir pesado em educação durante 20, 30 anos para haver desenvolvimento”, diz Cristófoli. “O Brasil tem um grupo pequeno de pesquisadores sem integração de pesquisas e laboratórios. O desenvolvimento de um produto envolve várias tecnologias e a integração de áreas, algo que no país também esbarra na falta de gente.”

A experiência da Educere mostra um pouco do poder transformador da educação. A fundação já deu treinamento a mais de 300 pessoas, que tiveram contato com o mundo da tecnologia e do empreendedorismo. Até o momento, nove empresas já graduaram na incubadora – no ano passado, elas faturaram juntas R$ 43 milhões e empregaram 186 pessoas. No momento, outras oito empresas estão incubadas.

A atividade em torno da Cristófoli e desses novos empreendimentos criou o ambiente para que surgisse em Campo Mourão um arranjo produtivo local (APL) na área de tecnologia de saúde. São dez empresas associadas em um modelo de colaboração que permite o adensamento da cadeia produtiva – as empresas podem dividir custos de compras, treinamentos e projetos que envolvam interesses comuns. O crescimento do setor também foi argumento para a instalação de um curso da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), ampliando a qualificação técnica.

O desafio para o Brasil é dar escala para que o fenômeno de Campo Mourão e de outros municípios com indústria tecnológica. E fazer isso em uma área já dominada por países como Alemanha e Japão, com suas cadeias produtivas de alta complexidade. “A outra opção é investir em tecnologia de manufatura e concorrer com China e Índia”, explica Cristófoli. Nenhuma alternativa é fácil.

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