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Creme dental de R$ 40, sorvete de caramelo com sal e cerveja premium: de olho nos abonados. | Fotos: Divulgação
Creme dental de R$ 40, sorvete de caramelo com sal e cerveja premium: de olho nos abonados.| Foto: Fotos: Divulgação

Em tempos de crise, nada como apostar em preços altos. É assim que multinacionais como Unilever, Ambev e Nestlé vêm reagindo ao atual momento de queda no consumo. Para elevar a rentabilidade e driblar o enfraquecimento do poder de compra da classe C, os grandes fabricantes vêm apostando no lançamento de marcas e produtos mais sofisticados (e caros). A lista inclui ainda nomes como Bunge, Pernod Ricard e Bimbo, que estão lançando de uísques envelhecidos em barris espanhóis a pão de forma com sabor de “padaria”.

Segundo especialistas, a tendência deve ganhar força com a chegada de novas marcas internacionais ao Brasil. É o caso dos produtos de cabelo Aussie, da Procter & Gamble. Ou, então, da marca de sorvete Ben & Jerry’s e de beleza TIGI, ambas da Unilever. A Ambev, diz uma fonte do setor, trará ao país a americana Goose Island. Se antes a classe C era a principal locomotiva do consumo, agora, dizem os analistas, as multinacionais aceleram os lançamentos para um público de maior poder aquisitivo, que sente menos os efeitos da crise.

Uísque 15 anos

A Pernod Ricard criou nova versão de seu uísque Chivas – a de 15 anos. Rafael Souza, gerente de grupo da multinacional, diz que o novo produto conta com envelhecimento em barris de jerez, vinho típico da Espanha. “Ele custa R$ 159 e é mais caro que o de 12 anos, de R$ 120. Percebemos em nossas pesquisas que alguns consumidores podem reduzir o consumo, mas não trocam de marca”, diz.

“As multinacionais de produtos de massa estavam com seu crescimento sustentado na classe C e, com a crise econômica, tiveram de mudar sua estratégia. Com sua estrutura logística, conseguem uma boa relação de custos e aumentam sua rentabilidade num momento de vendas menores”, diz o consultor Adalberto Viviani, da Concept.

A Unilever, dona do sabão Omo, do sorvete Kibon e da pasta de dente Close Up, investe, agora, na nova marca de creme dental Regenerate, com compostos concentrados de sódio e cálcio e que sai a R$ 40 – a maioria das pastas de dente custam menos de R$ 8. A empresa trouxe a linha Matt, do desodorante Axe, com itens masculinos para o cabelo e preços de R$ 40 a R$ 80.

A Nestlé lançou o sorvete Gelato - L’arte italiana, com sabores especiais que incluem até uma mistura de caramelo e sal marinho: a unidade, de 455 ml, custa R$ 23,90, o que lhe confere um preço por litro quatro vezes maior que a média do mercado.

“As classes A/B possuem uma frequência de compra 18% maior do que a média”, destaca Rogério Lopes, diretor de Sorvetes Nestlé.

A mexicana Bimbo, dona das marcas Pullman e Plus Vita, vem aumentando o número de lançamentos destinados à conquista de novos consumidores. O mais recente foi a linha “sabor de padaria”, com itens como pão de milho e italiano. Na lista, há versões de pão doce recheado com baunilha, cravo e frutas secas. “A categoria precisa desse tipo de novidade. Todo lançamento deve ter foco na rentabilidade. Procuramos aumentar o número de clientes”, diz Alejandro Hernandez, diretor de marketing da empresa.

Ambev investe em cerveja especial de até R$ 39 a garrafa

O lançamento de produtos mais caros ganha força não só no Brasil, mas também em nações da Europa e nos Estados Unidos. Como parte desta estratégia, muitas companhias vêm acelerando o movimento de aquisições de marcas premium com prestígio entre os consumidores.

“Com a crise, o consumidor se permite gastar mais na hora da refeição. Para economizar, muitas famílias estão consumindo mais em casa e isso se reflete nos supermercados”, explicou Eduardo França, da ESPM Rio.

Nas gôndolas, não faltam exemplos. A Ambev, líder na venda de cervejas como Antarctica e Skol, investe em marcas especiais e artesanais. No portfólio, ganharam destaque Wäls e a Colorado, marcas adquiridas esse ano pela empresa. No exterior, a AB Inbev, dona da Ambev, comprou os rótulos Goose Island, Elysian Brewing e Scuttlebutt. Assim, as novidades — com ingredientes como pimenta e frutas secas — chegam a quase R$ 39, bem acima do preço médio de uma garrafa, na faixa de R$ 6.

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