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| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo

Reajuste é definido com base em uma lista de variáveis

Ano a ano as escolas fazem um planejamento detalhado que serve base para calcular o reajuste das mensalidades. No cálculo entram variáveis como os salários de professores e funcionários, impostos, custos de manutenção do espaço físico e da estrutura funcional da escola, inadimplência, além das projeções de investimentos a serem feitos ao longo do ano. O reajuste deve cobrir a diferença de custos de um ano para o outro. A maior dificuldade para chegar a um porcentual de aumento justo, segundo o presidente do Sinepe-PR, Ademar Pereira, é prever os custos variáveis. Neste caso, é importante que os gestores estejam atentos as projeções feitas pelos analistas sobre o cenário econômico, afirma ele.

O índice de inadimplência nas escolas particulares de Curitiba, que foi de 8% em 2011, deve fechar o ano entre 10 e 11%, segundo o Sinepe-PR. De acordo com Pereira, a inadimplência é danosa para as escolas, que precisam absorver os custos das mensalidades não pagas. Isso porque a Lei 9.870, de 1999, que trata do valor das mensalidades escolares, proíbe as escolas de desligarem os alunos inadimplentes antes do final do período. "Com o endividamento em alta, muitas famílias deixam de pagar as mensalidades porque sabem que as escolas não podem cancelar a matrícula antes do término do período letivo", observa Ademar. Com isso, a inadimplência entra no cálculo do reajuste e acaba sendo repassada aos alunos que pagam corretamente.

Alimentação

Para as escolas que oferecem ensino integral, o custo da alimentação pesou no cálculo do reajuste. De janeiro a agosto deste ano, a alimentação subiu 5,42% na Grande Curitiba. A variação é ainda maior nos últimos doze meses, quando os itens que compõem o grupo acumularam alta de 9,81%. Com uma unidade no Boqueirão e outra no Santa Quitéria, a Escola Atuação tem cerca de 60% dos 1.300 alunos estudando em período integral. A alta dos alimentou impactou a planilha de custos da escola, que vai reajustar a mensalidade entre 8 e 9%.

Inadimplência

As escolas precisam incluir no preço da mensalidade uma estimativa da inadimplência no ano seguinte. Como a lei proíbe o desligamento, durante o ano letivo, de alunos com mensalidades atrasadas, o valor precisa ser absorvido pela administração da escola.

Matrículas

5 passos para achar a escola ideal

Confira as dicas

Pelo segundo ano consecutivo, as mensalidades escolares de Curitiba vão subir acima da inflação projetada para 2012, segundo estimativa do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe-PR). Nos últimos 12 meses, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de Curitiba e região metropolitana – que mede a inflação oficial no período – acumulou alta de 5,22%, mas algumas escolas já anunciaram reajustes que variam de 6 a 9,5% para o próximo ano. A média deve ficar em 8%, segundo projeções do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

De acordo com o presidente do Sindepe-PR, Ademar Batista Pereira, a maior pressão sobre o custos das escolas particulares vem dos gastos com a folha de pagamento de funcionários, sobretudo professores. Plano de cargos e salários, bonificações atreladas a metas e investimento em capacitação – que até pouco tempo não faziam parte da realidade das escolas particulares –, entraram no planejamento dessas instituições e vêm pressionando custos e mensalidades. Tudo isso para evitar a rotatividade e manter o quadro de professores, que são bastante disputados em alguns períodos do ano, garantem os gestores das escolas.

Para o Sindicato dos Professores no Estado do Paraná (Sinpropar) o salário dos professores não cresceu na mesma proporção do valor das matrículas e não justifica a pressão alegada pelas escolas. Segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), encomendado pelo Sinpropar, de 2007 a 2011 o reajuste médio das matrículas foi de 42,42%, enquanto o salário dos professores do ensino médio e fundamental cresceu 32,54%. "Em 2011, as mensalidades subiram cerca de acima de 9%, mas os salários tiveram apenas a correção da inflação, que foi de 6,36%", explica o economista Cid Cordeiro, do Dieese.

Embora o cálculo do reajuste das mensalidades não leve em conta apenas as despesas com folha de pagamento, o custo médio das escolas com esse item aproxima-se de 70%, segundo estimativa do próprio Dieese. A data-base da categoria é em março, mas os sindicatos ainda não chegaram a um acordo. As escolas estão oferecendo 7% de reajuste, que equivale ao mesmo porcentual já aceito pelos auxiliares. Já os professores querem aumento de 10%. "Os auxiliares só fecharam em 7% porque receberam aumento de 15% no piso salarial", esclarece Sérgio Gonçalves Lima, presidente do Sinpropar.

Gasto necessário

Mesmo com 80% do orçamento comprometido pelos gastos com salários, o diretor do Colégio Erasto Gaertner, Henrique Wall, justifica que "a qualidade do ensino depende da qualificação desses profissionais". A escola ainda aguarda uma sinalização do Sinepe-PR para fechar o valor exato do reajuste, que deve variar entre 6 e 9%.

No Colégio Marista Santa Maria, no bairro São Lourenço, o reajuste foi definido em 9%. De acordo com o diretor geral, Flávio Antônio Sandi, a folha de pagamento corresponde a 51% do orçamento. O aumento das mensalidades contempla também os investimentos em tecnologia, a alta do preço dos alimentos e os custos com a recente implementação do plano de cargos e salários para professores, que ainda não foram totalmente absorvidos pela instituição.

Escolas apostam em plano de cargos e salários para manter equipe

Há cinco anos, planos de cargos e salários e bonificações eram mecanismos usados apenas pelas grandes empresas para premiar seus funcionários pelo bom desempenho. Agora, a tendência se expandiu e chegou também às escolas particulares, que aderiram à ideia para preservar seu quadro de professores diante da demanda do mercado. Para a diretora pedagógica da Escola Atuação, Esther Cristina Pereira, existem períodos do ano em que é possível perceber uma "verdadeira dança das cadeiras". "A rede pública é o destino de boa parte dos professores que nos deixam. Eles vão em busca de estabilidade, mas costumo dizer que a estabilidade quem faz é o próprio professor", afirma Esther. Para se precaver da falta de profissionais e valorizar o corpo docente, a escola implantou participação nos lucros para os professores. O valor varia de acordo com o número de matrículas feitas no início e pode chegar a um salário e meio, pago sempre no mês de outubro. A escola também custeia viagens para os professores com mais de cinco anos de escola. Na última viagem, um grupo de professores da escola passou 11 dias na Itália. A professora Alesandra Lamb foi uma das felizardas. Há sete anos lecionando para o quinto ano do ensino fundamental na Escola Atuação, ela destaca a relação construída na escola e o bom ambiente de trabalho. "Aqui falamos e somos ouvidos", afirma Alesandra, que trabalha dois períodos e recebe R$ 1.100 para cada um.

Metas

"É natural que os melhores professores sejam disputados no mercado, mas isso tem um custo", ressalta o gerente de marketing do Colégio Erasto Gaertner, Gerson Gantzel. Mesmo com perfil diferente das grandes escolas da capital, o colégio, localizado no bairro Boqueirão, também apostou em prêmios e comissões atrelados a metas de aprovação nos vestibulares e boas notas no ENEM para premiar seus professores. Os valores variam de acordo com a qualificação e desempenho dos profissionais, mas podem levar a um incremento entre 3 e 30% no salário.

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