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Manifestantes protestaram nesta sexta-feira (10) contra as ações de austeridade que o governo grego se propôs a tomar | YANNIS KOLESIDIS/EFE
Manifestantes protestaram nesta sexta-feira (10) contra as ações de austeridade que o governo grego se propôs a tomar| Foto: YANNIS KOLESIDIS/EFE

As expectativas aumentam cada vez mais com a possibilidade que, finalmente, o Eurogrupo feche neste sábado (11) um acordo com a Grécia que assegure a permanência do país na zona do euro e permita abrir as negociações sobre um terceiro resgate.

As instituições que eram conhecidas como ‘troika’ estudam nesta sexta-feira (10) o plano que o governo de Alexis Tsipras enviou quinta a seus credores e sócios do euro, no qual inclui medidas como altas de impostos diretos e indiretos, aumentos das cotações sociais, privatizações e ajustes nas pensões.

A Comissão Europeia e o Banco Central Europeu (BCE), que colaboram com o Fundo Monetário Internacional (FMI) na delicada análise da sustentabilidade da dívida grega, têm a intenção de transmitir hoje mesmo aos países da zona do euro suas conclusões sobre o plano grego.

À espera destas conclusões, as primeiras reações perante as novas propostas gregas foram positivas ou pelo menos mais temperadas do que vinham sendo nas últimas semanas.Para o presidente da França, François Hollande, a proposta “é séria e crível” e deve permitir “iniciar as negociações, mas com a vontade de conclui-las”.

A análise das instituições também observará se há um risco para a estabilidade financeira da zona do euro e quais são as necessidades atuais e potenciais de financiamento da Grécia, que está em uma situação delicada, com os cofres públicos vazios e a imposição de feriados bancários há 12 dias.

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Conversas

Os líderes das três instituições, Jean-Claude Juncker (Comissão), Mario Draghi (BCE) e Christine Lagarde (FMI) realizaram uma teleconferência para abordar diretamente a análise, da qual não vazou nenhum detalhe.

As instituições apresentarão suas conclusões no sábado de manhã aos vice-ministros de Economia e Finanças da zona do euro, que prepararão o encontro do Eurogrupo que começará cinco horas mais tarde.

Os ministros chegarão a seu enésimo encontro extraordinário em Bruxelas com a disposição de carimbar um acordo com a Grécia, depois de mais de cinco meses de tensas negociações, desde que as instituições apresentem uma conclusão positiva das medidas apresentadas por Atenas.

Nas últimas semanas, a Grécia viu expirar seu segundo resgate sem um consenso com seus sócios para receber os 7,2 bilhões de euros que seguiam pendentes no programa, exatamente no mesmo dia no qual descumpriu o pagamento de 1,6 bilhão de euros que devia pagar ao FMI.

Os gregos rejeitaram em referendo – mais de 61% dos eleitores - a última oferta proposta pelos credores, seguindo o conselho defendido pelo próprio governo de Tsipras, embora as medidas propostas agora sigam praticamente na mesma linha.

“Vendo os últimos eventos e escutando o governo da Grécia, alguém pode se perguntar como uma lagarta pode transformar-se em uma borboleta tão rapidamente”, comentou o ministro das Finanças da Eslováquia, Peter Kazimir, um dos países que se mostraram mais duros com a Grécia.

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Reformas

Em seu ânimo de conseguir um acordo para abrir as negociações de um terceiro resgate o mais rápido possível e reforçar a confiança de seus sócios sobre suas intenções, o governo grego prometeu começar a aplicar reformas já a partir da próxima semana, um movimento bem recebido por seus parceiros da zona do euro.

Se um acordo for alcançado no sábado, a expectativa é que seja desmarcada uma das duas reuniões de chefes de Estado e de governo que estavam previstas para o próximo domingo, provavelmente a que reuniria os líderes dos países do euro separadamente, antes da reunião dos 28 membros da União Europeia.

Já na segunda-feira os ministros de Economia e Finanças voltam a se reunir em um encontro formal do Eurogrupo, no qual a Grécia voltará a ser um ponto destacado da agenda, junto à eleição do novo presidente deste fórum, posto pretendido pelo atual ocupante do cargo, o holandês Jeroen Dijsselbloem, e pelo ministro de Economia espanhol, Luis de Guindos.

Caso decidam começar as negociações para um terceiro resgate, a iniciativa terá que receber também o sinal verde dos parlamentos de Alemanha, Holanda, Finlândia, Eslováquia, Estônia e Áustria, segundo fontes europeias, processo que começaria já na segunda-feira da próxima semana.

O objetivo é realizar todos os trâmites para conseguir pactuar o resgate o mais rápido possível, após o que seria necessário voltar a consultar os parlamentos nacionais, tudo com as atenções voltadas ao pagamento de 3,5 bilhões de euros que a Grécia deve devolver ao BCE no próximo dia 20 de julho.

Bancos gregos vão precisar de até 14 bilhões de euros para reabrir

Os bancos gregos vão precisar de 10 a 14 bilhões de euros de capital para se manter em atividade, além de mais tempo antes de reabrir mesmo que um acordo seja alcançado com os credores europeus no domingo, informou um banqueiro sênior grego à Reuters nesta sexta-feira.

“Há a necessidade estimada de cerca de 10 a 14 bilhões de euro de capital novo”, afirmou o banqueiro. “Dada a magnitude do choque pelo qual passamos, os reguladores vão fazer um balanço da situação e do impacto dos empréstimos em default. Um teste de estresse até setembro permitiria tempo para as coisas normalizarem”.

Apesar de terem sangrado mais de 34 bilhões de euros de depósitos desde dezembro e da piora das perspectivas econômicas, os bancos estão otimistas quanto à abertura das filiais até o fim da próxima semana, afirmou a fonte.

Restrições

Fechados há duas semanas, os bancos contam com uma linha de crédito emergencial do banco central doméstico, aprovada pelo Banco Central Europeu, para dispor dinheiro racionado. A previsão oficial é de que eles reabram na terça-feira.

Os bancos Piraeus, Alpha, Eurobank e Banco Nacional, que correspondem a cerca de 95% do mercado, vão provavelmente precisar ser recapitalizados após avaliação dos reguladores e possivelmente não vão retornar à aparência de normalidade durante meses. Os bancos esperam que um acordo no domingo possibilitará o Banco Central Europeu a injetar liquidez no sistema e aumentar o limite de assistência emergencial de liquidez (ELA) dos atuais 89 bilhões de euros, o que permite aos bancos retirar fundos do Banco da Grécia.

Os bancos tem sofrido para manter as redes de caixa eletrônico abastecidas de papel-moeda e dispensam dinheiro vivo nos saques diários limitados, gradualmente usando o dinheiro remanescente para amortecer o sistema.

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