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 | Rafael Neddemeyer / Fotos Públicas
| Foto: Rafael Neddemeyer / Fotos Públicas

O movimento de valorização do real, que fez a cotação do dólar cair para perto de R$ 3,50 nas últimas semanas, não deve continuar, apesar da melhora na confiança do mercado financeiro com o governo interino de Michel Temer.

A aposta de quem acompanha as cotações é de que o dólar tem espaço para se valorizar, oscilando entre R$ 3,50 e R$ 3,70.

GRÁFICO: A cotação do dólar em 2016

A melhora de curto prazo com o novo governo já estaria no preço e dois fatores contribuem para que o dólar não recue mais: a equipe de Temer conta com as exportações para a retomada da economia, o que só é possível se o câmbio colaborar, e o Federal Reserve, banco central dos EUA, deve voltar a subir suas taxas de juros nos próximos meses. Juros mais altos fazem a moeda americana se valorizar no mercado internacional.

A Tendências Consultoria aponta para o dólar a R$ 3,72 no fim do ano, enquanto a Macro Sector acredita que cotação será de R$ 3,70. Até o dia 17 deste mês, a moeda ficou próxima dos R$ 3,50 e na quinta-feira (19) chegou a R$ 3,57.

O risco de uma nova disparada do dólar, no entanto, não está totalmente descartado. Na opinião do economista da Pezco Consultoria Helcio Takeda, a estabilidade do câmbio depende nos próximos meses da aprovação da reforma da Previdência e do andamento das políticas econômicas. “A condução de medidas como essa pode ajudar a resolver o déficit do orçamento público, o que tende a causar um efeito de confiança nos agentes e refletir na atividade econômica”, afirma.

Juros dos EUA

A provável alta dos juros norte-americanos no segundo semestre deste ano e a desaceleração da economia chinesa são duas variáveis que devem pressionar o dólar, avalia o economista da Pezco Consultoria Helcio Takeda. No ano passado, o Fed aumentou as taxas dos EUA para 0,25% a 0,50% após sete anos de juros próximos de zero. “Os EUA continuarão subindo as taxas. O BC americano começou um ciclo que ainda não terminou.”

O sócio-fundador da Praisce Capital, Antônio Marmo Jr, reforça que a expectativa é que o BC crie condições para que o dólar oscile menos para o fomento do comércio exterior.

Para ele, o efeito inflacionário da taxa de câmbio já foi absorvido, o que abre espaço para uma política de manutenção das cotações sem risco para o cumprimento da meta de inflação nos próximos anos.

“O dólar está se valorizando em todo o mundo devido ao fortalecimento da economia norte-americana. Mas no ano passado houve um ingrediente de instabilidade política no Brasil que desvalorizou demais o real”, lembra.

Takeda acredita que, para evitar que o mercado volte a pressionar pela valorização do real, o governo irá lançar mão da queda da taxa de juros para tornar o investimento em títulos da dívida pública menos atrativo ao capital estrangeiro. “O governo não irá investir na compra do dólar no mercado à vista ou aumentar o uso de swaps porque isso tem um custo fiscal que não é desprezível. As variáveis para segurar o câmbio devem ser a taxa de juros e a busca por um equilíbrio entre câmbio e inflação.”

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