• Carregando...
 | Pixabay
| Foto: Pixabay

Na semana passada, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, indicou que o ritmo de cortes da Selic, a taxa básica de juros, deve se manter em um ritmo de 0,75 ponto porcentual nas próximas reuniões do Copom, o Comitê de Política Monetária. A declaração motivou os agentes do mercado financeiro a projetarem os juros abaixos de 10% até o fim deste ano, fato que interfere nas estratégias de investimentos.

Embora a Selic esteja hoje em 13% ao ano, o relatório Focus antevê uma taxa de 9,5% até o fim de dezembro. Dentro deste cenário, os títulos do tesouro prefixados com vencimento daqui a dois anos podem oferecer ganhos mais altos, desde que os juros tenham uma redução maior que a esperada. “Os títulos prefixados irão favorecer os investidores caso haja uma queda mais brusca. Agora, se ela ficar dentro do previsto, os rendimentos estarão ‘empatados’”, afirma o sócio-diretor da Praisce Capital, Antônio Marmo, ao comparar a aplicação com o Tesouro Selic, que segue as variações da taxa.

Em queda

No último relatório Focus, de 22 de janeiro, o mercado financeiro previu que a taxa de juros básica fechará em 9,50% em 2017. Esta é a terceira queda seguida nas projeções dos agentes financeiros no ano. Em 13 de janeiro, a estimativa da Selic era de 9,75%, enquanto no dia 6 a meta estava fixada em 10,50%.

Ao se considerar cortes menos intensos, porém, os papeis ligados ao IPCA, que entregam a correção da inflação mais um “prêmio” ao investidor, oferecerão remunerações maiores que as dos prés. A estimativa do mercado é que a alta geral dos preços ficará em 4,71%, um pouco acima do centro da meta, que é de 4,5%. “Mas há outra questão: a queda da inflação não acontece de uma hora para a outra. Então, se a meta é de 4,5%, a média deverá ser superior a esse número”, avalia o trader de renda fixa e multimercados da Quantitas Matheus Gallina.

Para Marmo, os Créditos de Depósito Bancário (CDBs) com retornos superiores a 118% da CDI, taxa que segue de perto a variação dos juros, apresentam maiores oportunidades de ganhos. Mas, para que garantam os retornos prometidos, os ativos exigem prazos mínimos de dois anos de permanência. Os investidores que precisarem do dinheiro antes do contratado, porém, correm mais riscos de perdas, porque a inadimplência pode impactar na chamada “marcação de mercado”, alerta Gallina. Traduzindo: os bancos, principalmente os menores, podem negociar para baixo a remuneração dos papeis resgatados antes do prazo.

Poupança

A queda dos juros e dos preços deverão fazer com que a caderneta entregue novamente ganhos reais (descontada a inflação) aos aplicadores. Mas, ainda assim, o sócio-fundador do Grupo L&S, Alexandre Wolwacz, declara que o investimento continuará menos vantajoso em relação a outros ativos de renda fixa. “Mesmo que a gente trabalhe com um cenário de inflação a 4%, a caderneta terá um ganho de 6,5% a 7% no ano, bem abaixo dos títulos prefixados ou ligados ao IPCA. A poupança só é boa para o prazo curtíssimo, de 90 a 180 dias”, considera ele.

Renda variável: cenário abre janela de ganhos para aplicações de maior risco

Mesmo que não ocorra na intensidade esperada, a queda dos juros beneficia investimentos mais arriscados e, automaticamente, com maiores oportunidades de ganhos. Para analistas do mercado financeiro, as ações, os fundos multimercados e os imobiliários devem surfar no cenário de reformas econômicas e de redução do custo do crédito e turbinar as carteiras dos investidores.

O sócio-fundador do Grupo L&S, Alexandre Wolwacz, lembra que a Bolsa de Valores antecipa os resultados que devem ser registrados pela economia real em pelo menos seis meses. E, até lá, a perspectiva é que ocorra uma queda no nível de desemprego e uma recuperação na atividade, o que já se reflete no resultado das ações. No acumulado de janeiro, o Ibovespa teve uma alta superior a 9% e superou os 65 mil pontos, ganho este que deve ser ampliado no longo prazo caso as previsões se concretizem.

Para o sócio-diretor da Praisce Capital, Antônio Marmo, o cenário econômico também deverá impulsionar os fundos multimercados. Com diferentes tipos de composições, os fundos têm ganhos baseados tanto na variação dos juros quanto no desempenho de ações internacionais e de determinados setores da economia. De acordo com o consultor, as opções mais “conservadoras”, que seguem apenas os juros, oferecem uma “volatilidade relativamente pequena” e podem render de 115% a 120% da DI.

Já os fundos imobiliários devem ser uma outra opção que ganhará com a queda dos juros. A redução da inadimplência dos alugueis e a melhora do humor da economia criará um ambiente mais otimista e propício para os investimentos, o que se reverterá em uma possível ampliação dos rendimentos.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]